Prefeitura de São Paulo ignora negociação e executa despejo no Edifício Mercúrio
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- Andrea
- 16/02/2009
A execução do despejo das 32 famílias, no dia 11 de fevereiro, que resistiam à desapropriação do Edifício Mercúrio, no Parque Dom Pedro, em São Paulo, foi considerada pelos advogados que representam os moradores como um ato de traição da prefeitura de São Paulo.
A advogada Sabrina Durigon Marques, do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns da PUC-SP, afirma que, mesmo com as ações de desapropriação em curso, havia uma negociação com a Cohab. "Apresentamos cinco propostas e nos prometeram que até que houvesse uma nova reunião para mostrar alguma alternativa de atendimento para os moradores, o despejo não ocorreria", explica.
Diariamente os advogados verificavam se os oficiais de Justiça estavam com os mandados para o despejo. "No dia anterior à ação falamos com o responsável na Cohab e nada foi nos comentado sobre a surpresa. Agiram de forma covarde e suja com as famílias", avalia Sabrina.
De acordo com a advogada, a ação foi sigilosa ao ponto de a própria Guarda Civil Metropolitana, que estava no Mercúrio, não saber que o despejo seria executado. "Chegaram no local achando que o prefeito faria uma visita ao prédio".
Por volta das cinco horas da manhã do dia 11 de fevereiro caminhões da prefeitura, Guarda Civil Metropolitana, Polícia Militar e Força Tática, cujos homens estavam sem identificação, iniciaram a ação de despejo. A retirada dos móveis durou todo o dia. As famílias que não tinham local para onde levar suas coisas, tiveram toda a mudança transportada para um depósito de Santos, já que a Prefeitura alega não ter depósitos em São Paulo. Todas as famílias estão em casas de parentes ou conhecidos, sem ter para onde ir.
Os antigos moradores não conseguiram o atendimento em programas habitacionais. A Prefeitura propôs a cada família o valor de R$ 2400. Mas até agora a entrega do valor foi feita por apartamento, fazendo com que muitas famílias não recebessem nenhum valor, já que havia, em alguns casos, mais de uma família por unidade habitacional. "Isso sem considerarmos que inicialmente a verba era de R$ 4800 e foi reduzida pela metade", afirma Sabrina.
Fonte: CMI (Centro de Mídia Independente).