Manifesto de sindicalistas de Limeira
- Detalhes
- Andrea
- 26/02/2009
O encontro entre lideranças sindicais de Limeira para discussão sobre a crise econômica mundial conclui que:
1. Considerando que a atual crise financeira não foi gerada pelos trabalhadores, mas sim pelos especuladores;
2. Considerando que no Brasil o empresariado em momentos de crises do próprio capitalismo, sempre usou das demissões e cortes de benefícios para manter seus lucros;
3. Considerando que a maioria das empresas nos últimos anos, teve lucros exorbitantes, outros segmentos da indústria continuam crescendo, mesmo com a atual crise financeira mundial e ainda assim, estão pressionando os governos para obterem facilidades e benefícios;
4. Considerando que muitas empresas estão demitindo, outras ameaçando demitir, mesmo com acordos de flexibilização, ainda aquelas que querem reduzir jornada com redução salarial ou até excluir benefícios, como assistência médica e outros, criando na sociedade brasileira um verdadeiro clima de pânico, desconforto e insegurança, pois é ela que no final sempre arca com os custos de todas as crises geradas pelo capitalismo;
5. Considerando que, com argumentos de que a crise econômica atingiu seus negócios, empresários estão modificando horários de trabalho, com o claro propósito de "flexibilizar" a legislação trabalhista, fato que, se acontecer estará aumentando o abismo existente entre a maioria dos mais pobres e a minoria dos mais ricos deste país;
6. Considerando que, se alguma empresa, em face da crise econômica, se encontrar impossibilitada de cumprir com suas obrigações trabalhistas deve se submeter à justiça do trabalho e lá comprovar a sua situação;
7. Considerando que o salário do trabalhador brasileiro é um dos mais baixos do mundo, uma vez que, segundo o Dieese (Departamento de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos) o salário mínimo para sobrevivência no Brasil, em janeiro/2009 seria de R$ 2.077,00:
Entendemos que demitir e flexibilizar direitos causará a redução do poder aquisitivo da classe trabalhadora e esta não é a solução para a crise, ao contrário, demissão e flexibilização só agravarão o problema, pois a economia ficará estagnada. O caminho para enfrentarmos a crise passa pelo aquecimento do mercado interno, com a manutenção dos empregos e dos salários, assegurando-se assim o poder de compra do trabalhador. Esta é a engrenagem que move a economia.
Neste sentido, os dirigentes sindicais de Limeira que assinam o presente manifesto, posicionam-se contra as demissões, as reduções salariais, a flexibilização de qualquer direito trabalhista e outras atitudes patronais que visem reduzir conquistas dos trabalhadores, como justificativa de solução para a crise econômica global.
Para lutar contra a crise, propomos:
1. Resistir a qualquer tentativa de golpe que pretenda reduzir, excluir ou flexibilizar direitos trabalhistas, pois as empresas que receberam benefícios e facilidades do governo e obtiveram altos lucros nos últimos anos têm obrigação de manter os empregos e os salários de seus trabalhadores;
2. Redução da jornada sem redução de salário;
3. Estabilidade no emprego;
4. Utilização do dinheiro público para socorrer os trabalhadores e não banqueiros e especuladores;
5. Criação do Comitê Sindical Contra a Crise.
Os (as) sindicalistas de Limeira que assinam este manifesto, sempre estarão abertos às negociações, desde que o assunto em pauta não seja em detrimento da sobrevivência do trabalhador e da sua família que depende do seu salário.
A classe trabalhadora não pode pagar, mais uma vez, o custo da crise que ela não causou.
Assinam:
SINDICATOS
APEOESP
Sindicato dos Trabalhadores Vestuários
Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação
Sindicato dos Trabalhadores Bancários
Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares e Restaurantes
Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos
Sindicato dos Trabalhadores Químicos
Sindicato dos Trabalhadores Vigilantes
Sindicato dos Servidores Públicos
Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano
Sindicato dos Professores
Sindicato das Domésticas