Estudo mostra como participação política da mulher ainda é insuficiente
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- Andrea
- 05/03/2009
As mulheres não terão muito a comemorar no próximo dia 8 de março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher. Pelo menos, no que diz respeito à participação política. Um estudo do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) revela que, na democracia representativa no Brasil e no mundo, o poder político institucional continua sendo masculino, assim como branco, heterossexual, cristão, urbano e proprietário.
Em todo o mundo, há somente 17,2% de mulheres legisladoras. Nas Américas, a porcentagem aumenta um pouco alcançando 19,5%. As Nações Unidas estimam que, se continuar no atual ritmo, a igualdade de participação entre os sexos em casas legislativas só será concretizada em cem anos. Dados da União Inter-parlamentar mostram que o Brasil possui 8,7% de deputadas federais, posicionando-se em 146º num ranking de 192 países e em penúltimo lugar na América do Sul.
A avaliação da representatividade da mulher na política, realizada pelo Cfemea, analisou o processo eleitoral encerrado no final de outubro de 2008. As mulheres formavam a maioria do eleitorado, com 51,73%. No entanto, foram minoria tanto como candidatas è prefeita, vice-prefeita e vereadora quanto como eleitas a esses cargos.
Em nível nacional, 21,36% dos 377.733 candidatos eram mulheres que concorreram à prefeitura, à vice-prefeitura e à câmara de vereadores. Dessa porcentagem, foram eleitas 6.508 vereadoras e 504 prefeitas. A análise ressalta que nenhum dos 27 partidos cumpriu a Lei 9.504/97, que reserva um percentual mínimo de 30% das vagas de candidatura ao sexo minoritário.
O estudo evidencia ainda que a faixa etária predominante dos(as) candidatos(as) estava entre 45 a 59 anos, o que pode estar associado aos ciclos de vida da mulher e às conseqüências da divisão sexual do trabalho. As mulheres têm como barreira o fato de muitos homens com carreiras políticas consolidadas conseguirem facilmente se reeleger.
"A possibilidade de reeleição é um fator de conservação da composição de gênero/ geração e um obstáculo à renovação da Câmara de Vereadores, prejudicando as mulheres que buscam ingressar na assembléia. Entre outros motivos, é por isso que as mulheres demoram mais para construir uma carreira política: 52% das deputadas federais têm entre 45 e 59 anos, por exemplo, em oposição aos 48% de legisladores homens", afirmam.
Para OIT, crise pode colocar em risco avanços na igualdade de gênero
A crise econômica mundial pode colocar em risco os avanços relacionados à igualdade de gênero no trabalho e no lar, afirmou neste dia 5 a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A entidade estima, em seu relatório anual de "Tendências Mundiais do Emprego das Mulheres", que o número de desempregadas pode aumentar em até 22 milhões em 2009.
Segundo o relatório, das três bilhões de pessoas empregadas no mundo em 2008, 1,2 bilhão eram mulheres. A expectativa da OIT é de que, em 2009, a taxa de desemprego mundial das mulheres possa aumentar até 7,4%, enquanto que a dos homens pode chegar a 7%. A entidade acredita que o impacto da crise em termos de taxas de desemprego seja mais prejudicial para as mulheres que para os homens, principalmente na América Latina e no Caribe.
Outra estimativa negativa para as mulheres diz respeito ao emprego vulnerável em 2009 que pode oscilar entre 50,5% e 54,7%, enquanto que para os homens ficará entre 47,2% e 51,8%. O diretor-geral da OIT, Juan Somavia, afirmou que a igualdade de gênero deveria ser um princípio fundamental em qualquer resposta política, pois os impactos da crise afetam os diversos papéis que as mulheres desempenham na sociedade.
"A desigualdade de gênero no mundo do trabalho está entre nós há muito tempo, mas é provável que se acentue como conseqüência da crise. Em tempos de turbulência econômica, as mulheres com freqüência experimentam as consequências negativas com maior rapidez e se beneficiam da recuperação mais lentamente", ressaltou o diretor-geral em uma declaração sobre o Dia Internacional da Mulher, que será celebrado amanhã (6) pela organização com o tema: "Trabalho e família: compartilhar é a melhor forma de cuidar!".
Durante todo esse ano, a OIT realiza uma campanha mundial que tem como objetivo destacar a importância da igualdade de gênero em seu Programa Trabalho Decente e nas atividades de governos e organizações de empregadores e trabalhadores. A campanha abrange 12 temas do Programa, que serão analisados com uma visão de gênero para ilustrar como os diversos aspectos do mundo do trabalho podem afetar de maneira diferente mulheres e homens, em particular no que se refere ao acesso a direitos, emprego, proteção social e diálogo social.
Publicado originalmente em Adital.