Em todo país, mulheres saem às ruas para exigir direitos
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- Patricia Benvenuti, Brasil de Fato
- 06/03/2009
Em comemoração ao Dia Internacional de Luta das Mulheres, o 8 de março, entidades feministas, sindicais e movimentos sociais promoverão, em todo o Brasil, uma série de atos públicos, manifestações culturais e ações de cidadania e prevenção à saúde e à violência contra a mulher.
Além de reivindicações históricas como igualdade de direitos, liberdade, autonomia e o fim da violência contra as mulheres, o 8 de março deste ano dará destaque às consequências da crise financeira mundial sobre a vida das mulheres. Em São Paulo, um coletivo de 40 entidades realiza, no dia 8, um ato unificado com o eixo "Nós não vamos pagar por essa crise! Mulheres livres, povos soberanos!". Além do desemprego e da redução de direitos trabalhistas, a crise provoca uma sobrecarga de trabalho para as mulheres.
O ato em São Paulo também denunciará a reforma tributária proposta pelo governo federal. Se aprovada, a mudança resultará num corte de 40% do orçamento da seguridade social, causando a perda de 24 bilhões de reais ao ano no orçamento da previdência.
A manifestação se iniciará às 10h, na Praça Osvaldo Cruz, seguida por uma caminhada pela avenida Paulista até o Parque do Ibirapuera, onde haverá um ato pela legalização do aborto, outra das reivindicações desta jornada.
8 de março do Mercosul
Um dos destaques das mobilizações deste ano será a realização do primeiro 8 de Março do Mercosul, organizado por sindicatos de trabalhadores e organizações feministas do Cone Sul. As atividades conjuntas acontecerão neste final de semana em Santana do Livramento (RS), que faz fronteira com a cidade de Rivera, no Uruguai.
Claudia Prates, da Marcha Mundial de Mulheres do Rio Grande do Sul, explica que o objetivo de realizar o ato em uma cidade de fronteira é justamente dar mais visibilidade aos problemas enfrentados pelas mulheres que vivem nessa região, como os altos índices de violência. É comum os agressores, segundo ela, se refugiarem nos países vizinhos, o que dificulta ou mesmo impede sua punição.
"Queremos denunciar o tema da violência, da impunidade e a falta de uma política pública que combata e enfrente essa questão nas áreas de fronteira", afirma.
O ato permitirá, de acordo com Claudia, o reconhecimento das mulheres enquanto latino-americanas, o que auxiliará mais lutas unificadas."O foco são questões das mulheres da América Latina, e que elas possam se enxergar, enxergar suas carências enquanto mulheres da América Latina e pensar soluções conjuntas", argumenta.
Além da questão da violência, o ato binacional discutirá a defesa de igualdade salarial, a luta por soberania alimentar, os conflitos agrários e os danos do plantio de eucalipto na região e os efeitos da crise financeira na vida das mulheres.
Estão previstas atividades a realização de oficinas, feiras de economia solidária, além do lançamento da Frente Nacional contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto e um grande ato político no dia 8. A expectativa é de que cinco mil mulheres participem do 8 de março do Mercosul.