Trabalhadores da colheita e do viveiro da Veracel paralisam as atividades
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- Andrea
- 10/03/2009
Trabalhadores da colheita de eucalipto e do viveiro da Veracel paralisaram as atividades depois de 11 rodadas de negociação com a empresa. Eles reivindicam melhores salários e melhores condições de trabalho. A jornada de um trabalhador da colheita mecanizada é de 12 horas e tem causado muitas doenças ocupacionais; 58% dos trabalhadores estão com LER/DORT. Muitos têm medo de pedir licença para o tratamento, pois, quando retornam a empresa despede o trabalhador doente, sem nenhum tipo de apoio. Somente na colheita mecanizada diversos trabalhadores foram demitidos e quatro retornaram através de reintegração de posse da Justiça do Trabalho.
Estas doenças são conseqüência da alta produtividade cobrada aos trabalhadores. A produtividade de um trabalhador da Veracel Celulose é 34% maior que qualquer outra empresa do setor. Um trabalhador da Aracruz Celulose, uma das acionistas da Veracel, Votorantim e Suzano Bahia Sul corta por hora 18m³ de madeira, enquanto que um trabalhador na colheita da Veracel, corta 34m³ de madeira por hora.
Mesmo com a alta produtividade, os trabalhadores da Veracel têm os salários menores em relação às outras empresas do setor. Quase 50% menor do que os salários dos trabalhadores da Aracruz Celulose que além do salário ainda recebem outros benefícios como prêmio de férias, plano de saúde e odontológico gratuito, ao contrário da Veracel que cobra dos trabalhadores estes serviços. Os salários estão defasados em 34%. Em 2004, eles recebiam o equivalente a 4 salários mínimos e agora, eles recebem o equivalente a 2 salários e meio.
Apesar da crise mundial, a Veracel está produzindo bem acima da sua capacidade e está investindo em tecnologia. Recentemente comprou duas máquinas colheitadeiras no valor de 2 milhões de reais cada uma. Investiu cerca de 16 milhões de reais no viveiro.
Hoje, o viveiro da empresa Veracel é um dos mais modernos da América Latina. E ainda está investindo na duplicação da fábrica, pediu licenciamento para construir mais uma fábrica e plantar mais 108 mil hectares de eucalipto onde, segundo a empresa, deve criar mais cerca de 3000 postos de trabalho.
Associação dos Operadores de Máquina Mecanizadas do Estado da Bahia e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Papel e Celulose.