Correio da Cidadania

Atingidos por barragens denunciam modelo energético

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O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realiza uma série de atividades em protesto contra a construção de hidrelétricas para celebrar o Dia Internacional de Luta contra as Barragens, comemorado no dia 14 de março. Em todo o mundo, populações atingidas por barragens denunciam o modelo energético que, historicamente, tem causado graves consequências sociais, econômicas, culturais e ambientais.

 

"Queremos denunciar o desrespeito com as famílias afetadas pela construção de barragens, mas, além disso, queremos propor alternativas para um desenvolvimento econômico sustentável", afirma Orcélio Muniz, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens. Uma das alternativas seria o reassentamento digno dessas famílias, com ambientes de trabalho e de escola para seus filhos, para que possam assim reconstruir suas vidas.

 

Dados da Comissão Mundial de Barragens, órgão ligado às Nações Unidas, revelam que, no mundo, cerca de 80 milhões de pessoas foram atingidas direta ou indiretamente pela construção de usinas hidrelétricas. No Brasil, elas já expulsaram cerca de 1 milhão de pessoas e mais de 34 mil km² de hectares de terras foram encobertos pelos reservatórios.

 

"Nós nos posicionamos contra a construção de hidrelétricas, porque os lagos criados pelas barragens geram energia para gerar lucro. As comunidades locais ficam excluídas e têm de modificar toda sua vida por causa disso. E a população brasileira também sai prejudicada, pois o Brasil, mesmo produzindo uma grande quantidade de energia hidrelétrica, ainda possui a quinta tarifa de energia mais cara do mundo", ressalta Orcélio.

 

O MAB denuncia que os governos e a justiça são extremamente rápidos em liberar licenças ambientais e realizar desapropriações com o objetivo de construir barragens. A entidade destaca que os últimos anos foram marcados pelo avanço das grandes empresas nacionais e estrangeiras no controle das riquezas naturais, minerais, da água, das sementes, dos alimentos, do petróleo e da energia elétrica.

 

Os integrantes do movimento realizam manifestações durante toda essa semana e amanhã se reúnem em assembléia. Em Rondônia, desde quarta-feira (11), centenas de ribeirinhos atingidos pelas barragens do Rio Madeira estão acampados em Porto Velho/RO. Dentre os pontos contidos na pauta de reivindicações, está a suspensão das licenças que autorizam a construção e funcionamento das usinas e penalização pelos crimes ambientais que as empresas estão cometendo.

 

O MAB exige ainda a suspensão imediata do processo de privatização do Rio Madeira e da energia e que todas as pessoas tenham acesso ao Rio Madeira e aos lagos sem ameaças, sem perseguição e sem custos. Querem a diminuição nos preços da energia elétrica, com isenção no pagamento de até 100 kwh/mês para todas as famílias, e que o preço do que for consumido acima dos 100 Kwh/mês seja baseado no custo real de produção, bem como a suspensão imediata dos subsídios aos grandes consumidores de energia elétrica, em particular às indústrias eletrointensivas/exportadoras.

 

Publicado originalmente em Adital.

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