MST participa de ato contra a crise em São Paulo
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- Andrea
- 26/03/2009
O MST participa das manifestações em defesa da classe trabalhadora e contra a crise econômica mundial, na segunda-feira (30/03), ao lado das entidades mais representativas do movimento sindical, estudantil e popular. Os atos contra a crise, que foram discutidos no Fórum Social Mundial, devem acontecer em todas as capitais do país. Estão previstas manifestações entre 28 de março e 4 de abril em todo o mundo.
Em São Paulo, o Ato Internacional Unificado contra a Crise, convocado por mais de 20 organizações, será marcado por uma passeata da Avenida Paulista até o centro da cidade. A concentração da passeata começa às 10 horas, em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Nesta sexta-feira, as entidades que organizam o ato promovem uma entrevista coletiva, às 10h, no auditório do 13º andar do Palácio do Trabalhador, na Rua Galvão Bueno, 782, na Liberdade, no centro da cidade.
"A manifestação representa um passo importante para reconstruirmos a unidade da esquerda e recomeçarmos um processo de lutas de toda a classe trabalhadora contra os bancos, o capital financeiro e as empresas transnacionais, que são responsáveis pela crise", afirma o integrante da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues.
Antonio Carlos Spis, da direção da CUT (Central Única dos Trabalhadores), avalia que "é fundamental unir forças e ir para as ruas dizer que os trabalhadores e trabalhadoras não vão pagar pela crise". Segundo ele, apesar das dificuldades de fazer atividades unitárias das forças de esquerda, a manifestação contra a crise conta com um amplo leque de entidades, desde a Conlutas até a Força Sindical.
"A nossa manifestação é para pressionar o governo e o setor empresarial, que aproveitam a crise para fazer demissões para garantir seus lucros, aumentando os problemas sociais", afirmou Carlos Rogério Nunes, da direção da CTB (Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil). "Esperamos uma agenda que prossiga com a unidade das forças depois do dia 30", completa.
"É hora de derrotar as teses neoliberais, que deram ao mercado a supremacia sobre a vida e o desenvolvimento nacional autônomo neste país. Por isso, os movimentos sociais e populares - igreja, MST e centrais sindicais - vão às ruas de maneira unificada", defende o deputado federal Ivan Valente (PSOL).
Reforma Agrária
Uma das palavras de ordem do ato é "Reforma Agrária Já", que aparece com força como uma alternativa para a crise econômica, por garantir a produção de alimentos e matéria-prima para a indústria, fortalecendo o mercado interno e promovendo justiça social. "A Reforma Agrária é uma alternativa para a crise porque garante trabalho, educação e habitação à população do campo. Temos que assentar as famílias acampadas e fazer um programa de agroindústrias para fortalecer a produção e garantir renda às famílias", afirma João Paulo.
"Não há saída para o nosso país sem Reforma Agrária. É um grande equívoco do governo Lula não ter dado um passo concreto para colocá-la na pauta", avalia Spis. "A democratização da terra pode garantir uma verdadeira inclusão social, garantindo trabalho e produção", aponta.
Rogério Nunes denunciou que há uma "visão social errada" na agricultura, que é dominada pela agronegócio e por grandes empresas. A crise econômica acertou em cheio o agronegócio, demonstrando a insustentabilidade desse modelo. Apenas em dezembro, o agronegócio demitiu 134 mil pessoas em todo país, sendo o segundo setor que mais demitiu com a crise econômica, apesar da alta lucratividade do último período e os investimentos do governo.
Trajeto
A concentração do ato começa às 10h, em frente ao Banco Real/Santander, na Avenida Paulista, 1374, em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Depois, os manifestantes fazem protestos em frente ao Banco Central e à CEF (Caixa Econômica Federal).
A passeata sairá da Avenida Paulista, seguindo pela Consolação, sentido viaduto Jacareí, Rua Maria Paula, Viaduto Dª Paulina, Praça João Mendes, Praça da Sé, Rua Boa Vista, Rua 3 de Dezembro até chegar na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
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Abaixo, leia o manifesto assinado por 24 entidades.
Trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise!
Não às demissões! Pela redução dos juros, pelos investimentos públicos e em defesa dos direitos trabalhistas e sociais!
O Brasil vai às ruas na próxima segunda-feira, 30 de março. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela Reforma Agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.
A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista, os Estados Unidos, e atinge as economias menos desenvolvidas. Lá fora - e também no Brasil -, estão sendo torrados trilhões de dólares para cobrir o rombo das multinacionais, em um poço sem fim, mas o desemprego continua se alastrando, podendo atingir mais 50 milhões de pessoas.
No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.
O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultante de um sistema que entra em crise periodicamente e transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo "deus mercado". Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a classe trabalhadora pague a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo e criminalização dos movimentos sociais. Basta!
A precarização, o arrocho salarial e o desemprego enfraquecem o mercado interno, deixando o país vulnerável e à mercê da crise, prejudicando fundamentalmente os mais pobres; nas favelas e periferias, É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários, acelerar a reforma agrária, ampliar as políticas públicas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.
Manifestamos nosso apoio a todos os que sofreram demissões, em particular aos 4.270 funcionários da Embraer, ressaltando que estamos na luta pela readmissão.
O dia 30 também é simbólico, pois nesta data se lembra a defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política terrorista do Estado de Israel, pela soberania e auto-determinação dos povos.
Com este espírito de unidade e luta, vamos construir em todo o país grandes mobilizações. O dia 30 de março será o primeiro passo da jornada. Some-se conosco, participe!
NÃO ÀS DEMISSÕES!
REDUÇÃO DOS JUROS!
REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!
REFORMA AGRÁRIA JÁ!
POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!
EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS! SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO.
Ato Internacional Unificado Contra a Crise
Concentração no Masp - Avenida Paulista
30 de Março - 11h30min
Organizadores:
ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM-FDIM, UGT, UNE, UNEGRO, VIA CAMPESINA
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Informações à imprensa
Igor Felippe - 11-3361-3866