Encontro reúne organizações anticapitalistas no Chile
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- Andrea
- 02/04/2009
No Chile, uma iniciativa organizada por diversas entidades tem como ponto central o combate ao modelo capitalista e neoliberal. O evento, intitulado Encontro Unitário de Organizações Anticapitalistas, acontece nos próximos dias 4 e 5 de abril, no Sindicato dos Trabalhadores de Madeco, comuna de San Miguel, na Região Metropolitana.
O objetivo principal do encontro é a construção de uma aliança política em busca de transformações sociais, pelas conquistas dos povos, por uma sociedade igualitária e solidária.
Luis Mesina, secretário geral da Confederação dos Trabalhadores Bancários do Chile e membro da Frente Ampla de Trabalhadores nesta entrevista fala sobre o significado deste encontro e as impressões que tem do cenário político atual.
Como as organizações anticapitalistas avaliam o governo de Michelle Bachelet?
Luis Mesina - A maioria das organizações anticapitalistas que, durante estes últimos anos tem resistido de maneira desigual aos embates deste sistema, considera os governos da Concertação, incluído o de Bachelet, como continuadores do regime instalado durante a ditadura de Pinochet, ou seja Bachelet e Lagos, ambos do Partido Socialista, têm sido meros administradores de um sistema que, no fundamental, mantém os princípios do regime capitalista intactos, por essência antagônica e irreconciliável com qualquer alternativa que se planeja numa sociedade sem classes, igualitária e justa.
O encontro se realiza como contraponto aos modelos políticos já existentes no Chile. Como acreditam que a sociedade, em geral, receberá as propostas para um "poder popular"?
LM: Este encontro surge da necessidade de gerar uma representação genuína e autêntica dos trabalhadores e dos setores mais pobres de nosso país, para avançar na defesa de seus direitos e na reconquista de um sistema mais justo e mais humano, que logicamente não poderá se construir nos marcos do atual sistema.
A "sociedade em geral" tem sido vítima de uma campanha sistemática de propaganda que fez crer que a história começou com o neoliberalismo. Neste empenho, os grandes responsáveis são os partidos da concertação que validaram praticamente todas as transformações estruturais da economia com a permanência do modelo e com o reconhecimento para a construção política espúria de Pinochet.
Falar hoje de "poder popular" pode soar indiferente, requer significar o conceito, quem saber até citando experiências históricas que possam ilustrar que significa que os setores mais postergados do país podem alcançar graus maiores de participação, protagonismo e decisão nas questões fundamentais do Estado.
Um dos objetivos é "a conquista política dos povos para instaurar uma sociedade sem classes, solidária, igualitária, libertária e liberadora". Em que ritmo caminha o país até esta direção?
LM: Nosso país ainda está muito longe de caminhar a esta direção. Mas, para esta longa caminhada se requer dar um primeiro passo e este esforço que daremos, nos dias 4 e 5, está nessa perspectiva. Marchar para uma sociedade sem classes será uma das tarefas estratégicas mais importantes, senão a mais importante deste esforço.
Quais deverão ser os resultados do Encontro? Terá caráter deliberativo para ações futuras?
LM: Não se pode antecipar o resultado deste encontro. Devemos ser muito cuidadosos em avançar reconstruindo as confianças. Todos nós viemos de experiências diferentes, muitas delas frustrantes, e que abalaram o companheirismo. Por isso, se requer a geração de incentivos morais importantes. As forças anticapitalistas necessitam dotar-se de novas forças para avançar até a grande tarefa de construir uma nova direção para os trabalhadores e para nosso povo.
Publicado originalmente em Adital.