Novas medidas repressivas encaminhadas ao parlamento grego criarão “Estado de Sítio” no país
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- Andrea
- 08/04/2009
Governo grego pretende criminalizar manifestantes que usarem capuzes ou máscaras em manifestações. Muitos legisladores conservadores estão pedindo a revisão da lei de asilo universitário que impede a polícia de entrar nas universidades gregas - onde muitas vezes ativistas se refugiam - e diminuir as restrições quanto ao uso de câmeras de vigilância, além de incrementar o poderio das forças policiais. "É preciso terminar agora com a violência de grupos anarquistas e os ataques da extrema-esquerda. Isto significa que alguma coisa tem de ser feita com urgência: é necessário tomar medidas fortes e essas medidas têm de ser eficazes", disse recentemente uma autoridade grega.
Reuniões da Scotland Yard (brigada anti-terrorista britânica), com assessores da segurança nacional dos Estados Unidos, e o governo grego, tem anunciado medidas draconianas recentemente encaminhadas ao parlamento grego com o objetivo de frear o aumento do conflito social em todo o país, que se intensificaram depois da morte do jovem Alexis Grigoropoulos, morto pela polícia em 6 de dezembro passado.
Com o apoio dos meios corporativos, o governo tem divulgado que não tolerará mais a violência política nas ruas, dando carta branca à guarda pretoriana do regime do ex-ministro de Ordem Pública, Byron Polidoras. A polícia denominada anti-distúrbios utilizará toda a força excessiva contra os manifestantes.
Além disso, o governo anunciou a formação de uma "força de reação rápida". Que contará com 300 policiais armados em motocicletas para patrulhar o coração de Atenas, juntamente com a guarda canina. O ministro da justiça também noticiou uma nova lei que punirá aqueles que estiverem em manifestações utilizando capuzes, máscaras e outras vestimentas que prejudiquem a identificação.
A imprensa corporativa tem usado historicamente o termo "koukouloforos" para referir-se a anarquistas encapuzados e outros "radicais", tratando de diferenciar o movimento social dos nazis colaboradores da ocupação alemã na década de 40, uma tática de guerra psicológica respaldada pelo Partido Comunista Grego (KKE).
Os meios corporativos estão avivando o medo nos setores conservadores da população, falando do possível surgimento de uma guerra civil. Também apóiam o governo e seus aliados, a extrema direita, em seu intento de isolar as universidades, com uma cláusula da Constituição grega, da lei de asilo universitário. Tentativas anteriores a isso já foram feitas e tiveram seus resultados frustrados pela grande mobilização estudantil de 2006-2007.
A esquerda e os meios de comunicação independentes, assim como um amplo espectro dos movimentos sociais, condenam as medidas ensaiadas por um Estado "policialesco", que tem como objetivo impor um "Estado de Sítio" para reprimir as lutas sociais e os trabalhadores, afirmando isso como prioridade do Estado, quando deveria ser a dissolução de organizações neonazistas paraestatais, a imediata libertação dos insurgentes de dezembro e o desarmamento policial (inúmeros são aqueles considerados não aptos para obter porte de arma, por testes psicológicos) e levar obrigatoriamente seu número de identidade policial (algo que não ocorre hoje).
Com as novas medidas, espera-se que ao invés de frear a tensão social, aumente-as, e, em muito, sobretudo porque, ultimamente, o governo tem demonstrado sua tendência ao totalitarismo, entre outras coisas, mediante a nomeação do velho chefe de propaganda da junta de coronéis, como diretor dos arquivos de Estado, pondo assim em cheque as investigações independentes, que ficarão sobre a égide de uma das figuras mais obscuras da recente história grega.
O atual governo grego é dirigido pelo partido Nova Democracia (direita), que conta com o apoio da maioria dos empresários do país, sucessor imediato do governo anterior, dirigido pelo Partido Monárquico, que transformaram inúmeras ilhas gregas em campos de concentração para comunistas na década de 50.
Fonte: ANA – Agência de Notícias Anarquistas.