Proibição, na Alemanha, de milho modificado acirra luta contra transgênicos
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- Andrea
- 15/04/2009
O cerco aos transgênicos continua. Ontem (14), o governo alemão anunciou a decisão de banir do país o milho transgênico MON810, da Monsanto. A ministra da Agricultura da Alemanha, Ilse Aigner, declarou que o milho é uma ameaça à natureza e disse que a decisão foi científica e não política. A Alemanha foi o sexto integrante da União Europeia a proibir o cultivo dessa variedade, utilizada principalmente como ração animal.
"O posicionamento da ministra da Agricultura em relação à decisão ser científica traduz o que já falávamos há muito tempo sobre as evidências científicas da contaminação causada por transgênicos. Nós ficamos felizes que isso tenha sido reconhecido por um país importante", declara Rafael Cruz, coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace Brasil.
França, Grécia, Áustria, Hungria e Luxemburgo já vetaram o plantio desse milho da Monsanto. Além de países europeus, também cultivam essa variedade o Japão, o Canadá, a África do Sul e a Argentina.
No Brasil, o MON810 foi aprovado, em fevereiro deste ano, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), apesar dos protestos das organizações ambientais e da farta documentação apresentada revelando os riscos que a variedade representa ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
"No Brasil, as decisões da CTNBio são tomadas em cima de estudos apresentados pela empresa interessada. O ideal é que seja baseado em estudos independentes", ressalta Rafael. A Comissão realiza sua 122ª reunião hoje (15), com os debates nas Câmaras Setoriais (saúde humana, animal, vegetal e meio ambiente), e amanhã (16), com a realização da plenária.
Na pauta da plenária, constam 12 solicitações para liberação comercial de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Entre elas, está a liberação comercial de arroz tolerante a glufosinato de amônio, da empresa Bayer. "A Embrapa, a Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) se posicionam contra a aprovação do arroz transgênico", afirma o coordenador do Greenpeace, que se encontra em Brasília, para acompanhar as reuniões.
O Greenpeace denuncia que os brasileiros seriam cobaia do arroz da Bayer, pois a variedade não é plantada comercialmente em nenhum país do mundo. A organização tenta cativar os consumidores para essa luta contra os transgênicos.
No entanto, Rafael ressalta que os consumidores estão afastados do debate, que ocorre quase sempre a portas fechadas: "Uma pesquisa mostrou que 70% dos consumidores não conseguem se decidir se comprariam ou não alimento transgênico. Temos que ampliar esse debate, e uma das alternativas se dá por meio da rotulagem dos produtos".
Segundo o Greenpeace, essa identificação do que é ou não transgênico tem sido feita, nos últimos anos, somente por determinação judicial, após investigação. No início de 2008, as empresas Bunge e Cargill foram obrigadas a rotular algumas marcas de óleo de soja. Em março deste ano, o Ministério Público Federal determinou que a empresa Bunge, em sua filial no Mato Grosso (MT), também rotule seus alimentos transgênicos, conforme previsto em lei.
Publicado originalmente em Adital.