Correio da Cidadania

Vereadores de São Carlos mudam nome de rua que homenageava o torturador Fleury

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Na incessante luta pelo aprofundamento da democracia política no Brasil, os vereadores de São Carlos, SP, foram responsáveis por uma decisão histórica: na tarde do dia de 12 maio, por unanimidade, os vereadores dessa cidade aprovaram um projeto de Lei que altera o nome da rua Sérgio Paranhos Fleury. A partir dos próximos dias, com a sanção da Lei pelo prefeito municipal, a rua passará a se denominar D. Hélder Pessoa Câmara.

 

Certamente, este ato em nada mudará o cotidiano dos moradores da rua nem dos demais habitantes da cidade. No entanto, na batalha em defesa do "direito à memória e do direito à verdade" sobre os fatos ocorridos durante a ditadura militar, a decisão dos vereadores de São Carlos tem um inestimável valor simbólico.

 

Por meio deste ato, um dos mais violentos e sádicos torturadores da ditadura militar – cujo nome foi imposto à cidade por meio de decreto de um obscuro prefeito, no ano de 1980 – em breve, deixará de ser lembrado pelos habitantes de São Carlos: pelos que transitam pela rua, pelos registros dos imóveis, pelas correspondências recebidas por seus moradores etc.

 

Mais do que isso: todos progressistas e democratas do país que conheceram a sinistra e brutal atuação desse policial - sempre acobertado e respaldado pelos altos escalões militares -, ficarão aliviados com este ato de justiça reparatória. Depois de quase 29 anos, a vexatória homenagem - conferida ao policial que comandava sessões de torturas nos sinistros porões da OBAN/DOI/CODI e que foi agente direto em ações que resultaram nas mortes de combatentes da ditadura militar – será, finalmente, varrida da cidade.

 

Simbólica e singular vitória dos democratas e progressistas que reconhecem e respeitam a memória de brasileiros e brasileiras que tiveram suas vidas sacrificadas no combate à ditadura militar.

 

Dupla derrota dos que ainda hoje cultuam a ditadura militar: é escorraçado da cidade de São Carlos o nome de um dos "heróis" do regime militar; em seu lugar entra o pequeno e frágil, mas, sempre destemido, "bispo vermelho" - D. Helder Pessoa Câmara.

 

A decisão dos vereadores de São Carlos – tendo à frente o presidente da Câmara, Lineu Navarro (PT), e apoiada vivamente por entidades em defesa dos direitos humanos, por acadêmicos de várias partes do país, estudante, artistas, jornalistas etc. – deveria se constituir em exemplo para todos legislativos brasileiros. A defesa do "direito à memória e do direito à verdade" deve implicar também a luta pela ressignificação dos nomes de nossas ruas, praças, edificações públicas etc. que hoje cultuam os "heróis" e os patronos da ditadura militar de triste memória no Brasil.

 

Fonte: Brasil de Fato.

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