Assembléia Geral da ONU condena golpe em Honduras e exige retorno de Zelaya
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- Andrea
- 30/06/2009
A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje (30), por aclamação, o projeto de resolução em que condena o golpe de Estado militar ocorrido no último domingo (28) em Honduras. A proposta, apresentada pelo país, pede que a ONU não reconheça nenhum outro governo que não seja o do presidente constitucional Manuel Zelaya.
Segundo informações da TeleSur, o texto da resolução demanda a imediata e incondicional restauração de Zelaya ao poder. Da mesma forma, solicita ao Secretariado Geral que informe sobre o desenvolvimento dos acontecimentos no país.
O projeto de resolução é apoiado pelos seguintes países: Antígua e Barbuda, Belize, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, República Dominicana, São Vicente e Granadinas, Brasil, Venezuela, Costa Rica, Peru, México, Chile, Uruguai, Argentina, Paraguai, República Árabe da Síria, Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Cabo Verde, Barbados, Guiana, e Bósnia.
Após a exigência da restituição pacífica de Zelaya ao poder, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D´Escoto, espera que os golpistas compreendam a mensagem da comunidade internacional e permita a reintegração do chefe de Estado hondurenho.
Ontem (29), na Nicarágua, Zelaya anunciou que retornará a Honduras acompanhado do secretário da Organização de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, e de uma comissão de retorno, que estará encabeçada pela presidente da Argentina, Cristina Fernández.
O golpe de Estado ocorrido em Honduras gerou repercussão internacional. Além da ONU, organismos mundiais, como a OEA, não reconhecem Ricardo Micheletti como novo presidente e pedem o retorno de Manuel Zelaya ao poder.
Ontem, o Conselho Hondurenho da Empresa Privada (Cohep) - indicado pelos movimentos sociais como um dos promotores do golpe no país -, ao sentir-se ameaçado por um possível isolamento internacional, antecipou-se e previu o que irá acontecer a Honduras caso aconteça alguma sanção internacional. Durante uma coletiva de imprensa realizada pela cúpula do Cohep, o Conselho solicitou que ONU e OEA enviem missões para conhecerem o impacto que provocaria as sanções internacionais contra o país.
De acordo com Cohep, a situação no país ficará ainda mais grave se acontecer alguma sanção política ou econômica. Para eles, quem mais sofrerá com o impacto será a população pobre. Tal medida agravará ainda mais a situação que o país vive depois de ser afetado pela crise financeira e por desastres naturais. Na ocasião da coletiva, o Conselho ainda manifestou seu respaldo a Micheletti e descartou o retorno de Zelaya ao poder.
Mobilizações em apoio ao presidente constitucional
O golpe em Honduras também gerou protestos entre entidades, redes e movimentos sociais do mundo inteiro. Diversas mobilizações e comunicados estão sendo divulgados desaprovando Roberto Micheletti e pedindo a restituição de Manuel Zelaya ao poder.
Hoje, a Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI) divulgou um comunicado em que consideram o golpe como "a tentativa dos grupos do poder de impedir à força a votação e enquete nacional de consulta para convocar a dita assembléia constituinte". No comunicado, ainda pede o apoio da sociedade internacional na luta pelo retorno de Zelaya.
"Chamamos a manter a mobilização internacional, com plantões ante as embaixadas de Honduras no mundo, assim como ante as sedes da OEA e da ONU, exigindo o fim do golpe de Estado, do estado de sítio, da repressão aos líderes populares, o respeito à vontade popular sobre a assembléia constituinte e o retorno do Presidente Zelaya", pede.
A Aliança Internacional de Habitantes (AIH), juntamente com outras entidades e movimentos sociais, também expressou a indignação pelo ocorrido e solidariza-se com a luta pelo fim do golpe.
"Desconhecemos o governo ilegítimo produto do golpe de Estado. Chamamos os movimentos sociais a aumentar esta luta em cada um de nossos países, nesta batalha fundamental para evitar que se consolide o governo golpista de fato e para que se castiguem os responsáveis desta ação reacionária e ilegal contra o presidente constitucional, Manuel Zelaya Rosales", afirma.
Publicado originalmente em Adital.