Correio da Cidadania

Integrantes do MTST se acorrentam em frente à casa de Lula e exigem moradia

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Hoje, dia 8 de julho, por volta das 14 horas, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) realizou uma manifestação em frente à residência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo. A manifestação contou com a participação de mais de 300 famílias de diversos acampamentos do estado. Neste momento cinco pessoas estão acorrentadas diante da casa do presidente e ficarão assim até serem atendidas.

 

Essa manifestação é fruto da ausência e descaso do governo federal nas políticas para movimentos sociais, bem como a ineficiência do programa "Minha Casa, Minha Vida".

 

O MTST, assim, reivindica do Governo Federal:

 

1 – Desapropriação de terrenos ocupados pelo MTST. Em especial o terreno da ocupação Zumbi dos Palmares em Sumaré, que está ameaçado de despejo.

 

2 – Regularização fundiária do assentamento Anita Garibaldi para mais de 2000 mil famílias.

 

3 - Agilidade burocrática para as famílias do Acampamento Carlos Lamarca, há mais de 5 anos esperando resposta do governo.

 

4 – Participação ativa do governo federal nas negociações do MTST em todas as regiões e estados onde o MTST está presente.

 

Carta dos Sem Teto ao presidente Lula

 

Estamos aqui porque não temos casa para morar. Representamos milhares de famílias que estão em luta por uma moradia digna. Muitos de nós estamos ameaçados de despejo, outros esperam há anos a construção de casas que foram prometidas. Temos participado de negociações e mais negociações, sem que haja solução para nosso problema.

 

Quando foi lançado o Programa "Minha Casa, Minha Vida" pensamos que seria enfim a oportunidade de conseguirmos nossas casas. Mas o que temos visto nos desanima. As construtoras, que tanto já ganharam em cima de nosso suor, só têm apresentado projetos para pessoas de renda média e alta. As 400 mil casas que foram prometidas para as famílias que, como nós, recebem menos de 3 salários mínimos, representam apenas 6% do déficit habitacional nessa faixa. Sem contar que já há mais de 2 milhões de cadastrados no país - e isso apenas considerando os municípios que abriram inscrição. Assim, vemos nosso sonho cada vez mais distante. E, o que é pior, despejos cada vez mais próximos.

 

Representamos 1.400 famílias da Comunidade Zumbi dos Palmares, em Sumaré, que estão com o despejo marcado para daqui a poucas semanas, sem que o poder público ofereça qualquer alternativa. Representamos 2.000 famílias da Comunidade Anita Garibaldi, em Guarulhos, que convivem com o fantasma do despejo e não encontram perspectiva para regularização do assentamento. Representamos 160 famílias da Comunidade Carlos Lamarca, em Osasco, que há 7 anos esperam suas casas, sendo jogadas de um canto a outro como animais. Representamos ainda milhares de famílias das Comunidades João Candido, Chico Mendes e Silvério de Jesus, espalhadas por Taboão, Itapecerica da Serra, Embu e Zona Sul de São Paulo, que há vários anos esperam o cumprimento de acordos firmados para terem acesso a suas casas. E estes não são todos os casos. Nossos irmãos de Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Belém (PA), dentre outros, têm convivido com despejos e descaso.

 

Já estivemos ao longo destes anos inúmeras vezes na Caixa Econômica Federal e no Ministério das Cidades, além de governos estaduais e prefeituras. Nada se resolveu. O que temos recebido de mais concreto são despejos. Por isso, hoje estamos aqui, acorrentados, num pedido ao presidente Lula para que resolva essa situação, para que nos ajude a evitar os despejos e conseguir nossas casas.

 

MORADIA SIM, DESPEJO NÃO!

 

São Bernardo do Campo, 8 de julho de 2009.

 

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TETO (MTST)

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