Correio da Cidadania

MST prepara marcha em São Paulo

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Estamos nos aproximando de um momento importante de luta da classe trabalhadora e por conta disso ocorrerá, no mês de agosto, a Mobilização Nacional contra a Crise. Em São Paulo, o MST inicia no dia 5/8 a Marcha Estadual, de Campinas a São Paulo, chegando à capital no dia 10/8, onde o movimento permanecerá mobilizado até o dia 14/8, assim como em outros estados do país.

 

A seguir, leia o manifesto que anuncia os objetivos e as principais demandas de marcha paulista:

 

POR QUE MARCHAMOS?

 

Somos trabalhadores e trabalhadoras rurais organizados no Movimento Sem Terra/Via Campesina, que lutamos pelo direito a um pedaço de terra onde possamos plantar, colher e garantir uma vida digna às nossas famílias.

 

Oriundos de várias partes do estado de São Paulo, de diferentes comunidades, assentamentos e acampamentos queremos dialogar com a sociedade e os poderes constituídos com o objetivo de denunciar a condução das políticas em nosso país, as quais favorecem apenas os ricos que, por meio da apropriação capitalista aumentam a cada dia mais a exploração e a miséria da classe trabalhadora. É por isso que marchamos.

 

Marchamos para reafirmar a necessidade da realização da Reforma Agrária como uma política de distribuição de terra, renda e riqueza para milhões de brasileiros que de forma direta ou indireta serão beneficiados. Dizem que São Paulo não tem terra para os SEM TERRA, entretanto, é um dos estados com uma das agroindústrias mais concentradoras, a qual convive com os maiores índices de êxodo rural e miséria em suas pequenas e médias cidades do interior, além do terrível cenário atual nas periferias das grandes metrópoles, onde se concentram milhões de pessoas sem alternativa de vida digna.

 

O povo brasileiro precisa recolocar a Reforma Agrária na pauta do país e dizer que somente através dela é que vamos conseguir produzir alimentos de boa qualidade, a baixo custo e empregar milhares de pessoas que foram expulsas do campo pelo agronegócio.

 

Marchamos porque somos contra a concentração da propriedade da terra, das florestas, da água e dos minérios, pois, além de causar a destruição da natureza, expulsam os camponeses, os pequenos produtores, os povos indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas. Condenamos a política agrícola e ambiental dos sucessivos governos tucanos em São Paulo e do governo Lula, pois só têm beneficiado ao agronegócio, seus interesses econômicos e incentivado a destruição ambiental.

 

Marchamos para reafirmar a necessidade de unificar toda a classe trabalhadora, do campo e da cidade, para juntos consolidar um processo de emancipação pelo qual possamos ter de fato emprego decente, moradia digna, saúde e educação gratuita e de qualidade, alimentos saudáveis para todo povo brasileiro.

 

Marchamos para denunciar a exploração da classe trabalhadora por seus patrões e fazer com que o nosso apelo seja ouvido e que soluções sejam tomadas: a cada dia aumenta o número de pessoas desempregadas; e agora, com a crise dos ricos, sobra para nós, os empobrecidos, pagarmos a conta. Precisamos nos fortalecer enquanto classe trabalhadora para garantir que se cumpram os direitos trabalhistas e previdenciários; a maioria dos empregadores sequer assina a carteira de seus funcionários. É inadmissível e indignante vivermos ainda hoje com a existência de trabalho escravo em nosso país e assistirmos passivos aos aumentos sucessivos de incentivos para aquelas agroindústrias que o promovem.

 

 

Marchamos também para repudiar a crescente criminalização da luta social e da pobreza em todo o país. Não é possível admitir que num país dito democrático, cada vez mais seja considerado crime o exercício legítimo de organização política e reivindicação de nossos direitos assegurados formalmente até pela Constituição Federal. Muito menos admitir que pessoas, sobretudo jovens e negros das periferias urbanas, sejam a cada dia consideradas mais "suspeitas" simplesmente por viver na pobreza ou na miséria material, tornando-se vítimas prioritárias das políticas de criminalização, encarceramento e execuções sumárias em massa que se tornaram uma prática comum do Estado brasileiro nos últimos anos.

 

Marchamos, finalmente, para refletir e debater também sobre a forma com que o meio ambiente está sendo tratado. O nosso país ainda tem o privilégio de possuir riquíssimos biomas: como a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, o Pantanal etc., porém, infelizmente a cada dia que passa, mais ameaçados estão nossas matas, florestas, rios, animais, clima e seres humanos. Tudo devido à busca desenfreada dos capitalistas pelo lucro. É preciso frear a ganância dos poderosos que, para seguir aumentando seus lucros, passam por cima de tudo e de todos. Nos dias de hoje já vivenciamos vários problemas de ordem climática que é resultado desta ganância dos ricos.

O povo não pode pagar a conta. Que os ricos paguem a conta da crise!

 

A ação pretende reunir 1.500 marchantes, com a perspectiva da participação de 150 crianças. Para tanto, é preciso garantir estrutura para deslocamento, pernoite, higiene, alimentação, entre outras necessidades. Assim, o MST de São Paulo pede a todos os amigos e amigas da luta pela Reforma Agrária dispostos a contribuir com doações de qualquer ordem que entrem em contado com a Secretaria Estadual pelos telefones (11) 3663 -1064 ou (11) 7544-8768.

 

"Crescemos somente na ousadia", Mário Benedetti.

 

Publicado originalmente na página do MST (http://www.mst.org.br/).

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