Correio da Cidadania

Indígenas são atacados perto de Raposa Serra do Sol

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Na noite do dia 27 de julho, um grupo de homens do Projeto de Assentamento Nova Amazônia fez novos ataques contra a comunidade indígena Lago da Praia, região do Murupu. Desta vez queimaram uma casa, o posto de saúde com todos os equipamentos, remédios e o equipamento de radiofonia que dava suporte de comunicação à comunidade. Também agrediram o motorista do veículo que faz o transporte escolar, fizeram ameaças de morte e vários disparos de arma de fogo. Ao deixarem a comunidade, os pistoleiros ameaçaram queimar mais casas e matar pessoas.

 

As intimidações começaram no final da tarde do dia 27 quando a agente de saúde, Luzia da Silva Nagelo se dirigia da comunidade Lago da Praia para outra chamada de Serra da Moça. Ao se aproximarem de um igarapé conhecido como banho do amor, localizado na vicinal 1 do Projeto de Assentamento Nova Amazônia, ela e seus acompanhantes foram abordados por alguns homens, dentre eles, um chamado de Junior e outro Geovani, que em tom ameaçador, disseram que "os pegariam quando voltassem" porque tinham que "acertar umas contas".

 

Na noite do mesmo dia o grupo se reuniu próximo à casa da mãe da agente de saúde. Os agressores estavam com o volume do som alto e faziam disparos de armas de fogo. As intimidações obrigaram Luzia e mais duas irmãs menores a se refugiarem em outra casa distante cerca de 200 metros dos algozes.

 

Nesse momento perceberam que haviam ateado fogo na casa e ao saírem fazendo novos disparos ainda fizeram ameaças, afirmando que as próximas casas queimadas seriam do professor da comunidade indígena do Lago da Praia, Adenildo Matos e do indígena Idinei de Oliveira.

 

Na mesma noite o motorista do transporte escolar que atende a comunidade Lago da Praia, Francisco de Assis Severino, levava os alunos quando foi abordado por três homens, o primeiro se chama Geovani, o segundo Junior e o terceiro Fábio. Eles estavam à procura de três rapazes indígenas conhecidos como Jabson, Dirlei e Batoré. O motorista acendeu a luz interna do carro por temer as ameaças. Mesmo vendo que o veículo trazia somente alunas, Geovane e Fábio tentaram invadir o carro, entretanto foram impedidos por uma das estudantes. Em seguida o outro agressor, Junior, passou a agredir verbal e fisicamente o motorista do transporte escolar.

 

Depois ainda tentaram enforcar o motorista, mas este conseguiu se livrar do grupo de agressores, que ainda fizeram ameaças, acusando-os de serem invasores de terras. No entanto, o motorista afirmou que não tem pretensões sobre qualquer terra e somente desenvolve suas atividades profissionais na comunidade indígena.

 

No dia 29, as vítimas vieram à Boa Vista a fim de fazer a denúncia à Polícia Federal. Segundo informou o advogado do Conselho Indígena de Roraima, Guilherme Maciel Nogueira, o delegado de polícia prendeu o indígena Juliano Pereira da Silva, uma das vítimas dos agressores do Projeto de Assentamento Nova Amazônia.

Conheça as motivações do conflito

 

A criação da comunidade Indígena Lago da Praia foi encaminhada pelo tuxauas nas Assembléias Indígenas realizadas na comunidade do Pium. Ao assentar colonos próximos do Lago da Praia, iniciou uma situação de conflito entre índios e não-índios.

 

Para tentar resolver o impasse, reuniram-se representantes do Incra, CIR e Funai, fincado definidos os limites da terra indígena e da área de assentamento. Sessenta novas famílias retiradas da terra indígena Raposa Serra do Sol foram reassentadas próximas onde está a comunidade do Lago da Praia.

 

Deste então o clima de pressão é constante. Os indígenas são constantemente ameaçados e constrangidos. Posseiros e assentados vêm ameaçando, montando barreiras na estrada de acesso à comunidade indígena, queimaram a escola estadual indígena João Gomes de Sousa, postos de saúde, e, chegaram ao absurdo de afirmarem que irão "matar e esquartejar crianças indígenas só pra dar uma lição".

 

Fonte: Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

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