Correio da Cidadania

Índios Guarani de 4 países pedem fim aos crimes contra guaranis brasileiros

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Reunidos em Foz do Iguaçu, nós, representantes dos povos Guarani do Paraguai, Brasil Argentina e Bolívia, fomos informados pelos nossos irmãos Guarani do Brasil sobre a dramática situação em que vivem.

 

A violência a que estão submetidas as comunidades, em função da negação à terra, caracteriza um genocídio silencioso e programado. A postura contrária ao reconhecimento de seus territórios, por parte de governantes, políticos e interesses econômicos do agronegócio é um desrespeito e afronta à Constituição do país e às leis internacionais que garantem as terras e modos de vida de nosso povo. Também o judiciário vem assumindo posturas que ampliam o sofrimento, mortes e etnocídio. 

 

Além dos confinamentos que se assemelham a campos de concentração, hoje grande parte dos Guarani no Brasil vivem acampados à beira da estrada na vã esperança de que um dia suas terras tradicionais lhes sejam devolvidas. Diante dos constantes adiamentos do processo de reconhecimento das terras, e do emperramento burocrático e judicial, os Guarani manifestaram publicamente, num recente Aty Guasu, seu ultimato aos responsáveis por essa situação "Não agüentamos mais!" 

 

Queremos dizer a eles que podem contar não apenas com a solidariedade do movimento continental Guarani, mas com o efetivo e concreto empenho e apoio para por fim a essa situação.

 

Sem a efetiva demarcação das terras Guarani todo o processo de desenvolvimento na região estará marcado com o sangue, injustiça e crime. Sem o reconhecimento e garantia das terras Guarani, não existirá democracia. Sem a punição dos assassinos de nossos irmãos, não haverá justiça. 

 

Diante dessa realidade, nós, Guarani dos quatro países, repudiamos a violação sistemática aos direitos humanos pelos governos de turno, em especial o governo brasileiro.

 

Denunciamos e exigimos, ante os organismos internacionais de direitos humanos, o cumprimento dos tratados e convênios reconhecidos pelos governos dos países, garantindo a sobrevivência física, social e cultural dos povos indígenas.

 

Alertamos que o Povo Guarani está mobilizado em defesa de seus direitos consuetudinários e constitucionais e estamos dispostos a dar nosso sangue em defesa de nossos territórios. Convocamos os setores sociais do campo e da cidade a somar-se à luta dos povos indígenas em todo o mundo.

 

PELA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS, SOCIAIS, CULTURAIS E COLETIVOS DOS POVOS INDÍGENAS!

 

Foz do Iguaçu, 19 de Outubro de 2009.

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