Correio da Cidadania

Movimentos sociais interrogam Segurança Pública sobre mortes em favelas

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Dezenas de cruzes com interrogações plantadas em pequenos vasos de terra foram instaladas ao meio-dia desta quinta-feira (5/11) na Central do Brasil, bem em frente à entrada da Secretaria de Segurança Pública estadual. O ato simbólico antecedeu a entrega de um manifesto assinado por 68 organizações e movimentos de Direitos Humanos que foi entregue ao secretário de Segurança Pública interino, o subsecretário de Inteligência Rivaldo Barbosa, com a cobrança da prestação oficial de contas sobre a quantidade e a identidade dos mortos nas operações policiais em favelas desde o sábado 17/10.

 

Nessa data houve a explosão de um helicóptero da Polícia Militar no Morro dos Macacos, na Tijuca, Zona Norte, com a morte de três tripulantes, durante intervenção policial em disputa entre quadrilhas do tráfico de drogas. Desde então, em 19 dias, houve mais de 40 mortes em um período de intensificação da rotina de operações policiais realizadas em favelas. Mas o Estado ainda não informou à população sobre a quantidade exata de vítimas e a identidade dos mortos.

 

 "Que política de segurança é essa que entra nas comunidades, produz tantas mortes e não esclarece quem são ou quantas são as vítimas?", questionou a advogada Fernanda Vieira, da Mariana Criola, uma das organizações de Direitos Humanos envolvidas no ato, que reuniu cerca de 100 pessoas. "Cobrar explicações é um direito da sociedade e apresentar respostas um dever do Estado", disse ainda, diante das contradições entre os números oficiais apresentados até agora e os divulgados pela imprensa.

 

O manifesto entregue ao secretário interino, porque o titular está em Brasília, traduz a posição dos movimentos sociais contra a política de segurança pública pautada pela criminalização da pobreza e o extermínio da população das favelas. O subsecretário Rivaldo assumiu o compromisso de providenciar a resposta às questões propostas pelos movimentos sociais. "Nosso manifesto é contra essa lógica de segurança pública que não tem apresentado efeito prático, já que a violência só tem aumentado", explicou
Rafael Dias, pesquisador da Justiça Global, uma das entidades organizadoras do ato.

 

"É bom para o Rio de Janeiro que a sociedade civil se organize para o debate sobre a segurança pública. Uma sociedade segura não é a que tem muita polícia, muitas mortes e muitos conflitos. O Rio de Janeiro precisa de uma alternativa e é possível termos uma outra polícia e uma outra política de segurança. O governo não pode temer esse diálogo com a sociedade civil", disse o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), cujo mandato apoiou o ato-manifesto.

 

Por Paula Mairan, Brasil de Fato.

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