Correio da Cidadania

Seminário sobre cultura do fumo termina com denúncias e propostas para a área

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Nós, 230 participantes do 19º Seminário Estadual de Alternativas a Cultura do Fumo, representando as Dioceses de Cruz Alta, Santo Ângelo, Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul, organizações governamentais e não-governamentais, movimentos sociais e populares, sindicatos, universidades, igrejas cristãs e a Cáritas Regional de Santa Catarina dirigimo-nos a todos os irmãos e irmãs do campo e da cidade, manifestamos nossa alegria por mais este seminário que teve como tema "Cultura de Alternativas e Políticas Públicas de Comercialização" e como lema "Agricultura: Para onde vamos?", onde anunciamos as boas-novas e denunciamos os descaminhos que levam à cultura do fumo.

 

Nos alegramos:

 

  • Com os resultados estimulados pelos Seminários de Alternativas à Cultura do Fumo;
  • Com a ratificação da convenção quadro pelo governo brasileiro, e a implementação de programas e políticas públicas que se destinam à diversificação e reconversão da cultura do fumo;
  • Com a crescente conscientização da importância da produção e consumo agroecológico, do resgate das sementes crioulas, dos saberes populares e o cuidado com a natureza;
  • Com o entendimento social de que outra economia é possível, o que é visualizado pelas feiras de economia solidária;
  • Com a agricultura familiar e camponesa, responsável, hoje, por mais de 70% da produção do alimento que chega à mesa dos brasileiros e brasileiras.

 

Denunciamos:

 

  • A morte de mais de 5 milhões de pessoas por ano no mundo inteiro sendo que no Brasil morrem 200 mil pessoas ao ano ocasionadas por doenças relacionados ao tabaco;
  • O agronegócio, as monocultoras, os transgênicos e as empresas transnacionais em especial as empresas transnacionais fumageiras responsáveis pela cadeia produtiva do tabaco e a decorrente exploração e dependência dos pequenos produtores e consumidores do tabaco;
  • O uso indiscriminado de agrotóxicos e produtos químicos nos monocultivos e nas lavouras de tabacos gerando envenenamento das pessoas, solo, água, ar, e de toda a natureza;
  • O apoio institucional ao agronegócio voltado para exportação em detrimento à produção de alimentos pela agricultura familiar camponesa;
  • A contaminação dos produtores pela doença da folha verde do tabaco.

 

Propomos:

 

  • Construir, ampliar e manter políticas públicas voltadas para a produção de alimentos pelo sistema agroecológico com respeito à biodiversidade dando ênfase a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER);
  • Assegurar, ampliar e fortalecer a comercialização dos produtos da agricultura familiar através de políticas públicas e programas como Programa de Aquisição de Alimentos, Alimentação Escolar, dentre outros programas;
  • Ampliar e disseminar campanhas antitabagistas pelos órgãos governamentais e não governamentais;
  • Buscar alternativas à produção do fumo com uma ação decidida do estado com políticas públicas e institucionais;
  • Mobilizar a sociedade civil no sentido de esclarecer os fumantes a respeito dos malefícios do tabaco;
  • Implementar e fortalecer o cooperativismo e o associativismo motivando ações de desenvolvimento sustentável e ambiental;
  • Buscar uma formação para os jovens rurais focada na realidade da agricultura familiar.

 

Salto do Jacuí, Diocese de Cruz Alta RS, 05 de novembro de 2009.

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