Correio da Cidadania

Em carta, Zelaya diz a Obama que não aceita acordos para encobrir golpe

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Em carta divulgada no domingo, dia 15, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse ao presidente dos Estados Unidos Barack Obama que não aceita mais nenhum tipo de acordo sobre seu retorno à presidência que vise encobrir o golpe de Estado. Zelaya também criticou ferrenhamente o posicionamento do governo estadunidense por mudar sua postura quanto ao golpe de 28 de junho.

"Em minha condição de presidente eleito pelo povo hondurenho, reafirmo minha decisão que a partir desta data qualquer que for o caso, eu não aceito, nenhum acordo de retorno à presidência para encobrir o golpe de Estado que sabemos que tem um impacto direto pela repressão militar sobre os direitos humanos dos habitantes de nosso país", assegurou Zelaya.

Com esta atitude, o presidente constitucional busca deslegitimar as eleições de 29 de novembro, um "processo eleitoral ilegal" que será realizado sob o regime golpista de Roberto Micheletti. Zelaya credita que a realização do pleito nas condições em que o país se encontra será "uma vergonha para Honduras e uma infâmia para os povos democráticos da América".

"Este processo eleitoral é ilegal porque oculta o golpe de Estado Militar, e o Estado de fato em que vive Honduras não brinda garantias de igualdade e liberdade na participação cidadã a todos os hondurenhos, é uma manobra eleitoral antidemocrática repudiada por grandes setores do povo para encobrir os autores materiais e intelectuais do golpe de Estado".

Na mesma carta, Zelaya criticou ferrenhamente a postura do governo dos Estados Unidos por ter mudado sua atitude quanto ao golpe perpetrado em 28 de junho. O presidente constitucional relembrou que desde a primeira reunião, em 8 de julho, a Secretária de Estado Hillary Clinton deixou clara a posição de Obama de condenar o fato, desconhecer as autoridades e exigir o retorno do estado de direito com sua restituição.

"Quero anotar que a nova posição dos funcionários do governo dos Estados Unidos esquiva o objetivo inicial do diálogo de San José, relegando um acordo com o governo legitimamente reconhecido para um segundo plano, e tratando de transladar este acordo para um novo processo eleitoral sem importar as condições em que se desenvolva".

Campanhas de boicote às eleições

Há pouco menos de duas semanas para o dia 29 de novembro, as campanhas de boicote às eleições têm se intensificado. Materiais produzidos pela Frente Nacional de Resistência contra o golpe estão sendo distribuídos por todo o país para que a população possa aderir ao movimento e pressionar pela não legitimação do pleito.

A Frente de Resistência está colhendo sugestões para organizar novas mobilizações a fim de boicotar o processo eleitoral. Até o momento, as atividades têm acontecido nas ruas, onde milhares de pessoas têm se reunido para resistir contra a ditadura golpista e mostrar apoio a Zelaya. "Votar é apoiar os golpistas. O presente é de luta, o futuro é nosso!" assinalam os cartazes.

Semana passada, diversos grupos reforçaram seu apoio ao presidente deposto, negando a participação nas eleições, entre eles o grupo Mulheres em Resistência diante do golpe de Estado e a Juventude Protagonista na Redefinição de Honduras.

Durante esta semana, a Frente estará encaminhando o material de boicote para diversas partes do país.

 

Por Natasha Pitts, Adital.

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