Correio da Cidadania

Uma medida provisória editada pelo governo federal autorizou um pacote de R$44 bilhões para subsidiar o setor aéreo brasileiro. O pacote será financiado pelo BNDES, com dinheiro pago pelos trabalhadores ao Fundo de Amparo de Trabalhador (FAT). Com o financiamento, a Embraer será a principal beneficiada. As companhias aéreas terão facilidades para a compra de aviões produzidos pela empresa.

Não há expectativa, entretanto, de queda nos preços das passagens, o que dificulta o uso do transporte pelos trabalhadores. O investimento de dinheiro público na Embraer também não impediu que a empresa demitisse, somente este ano, mais de cinco mil trabalhadores.

A Embraer justificou as demissões alegando que houve queda do número de encomendas. A justificativa é contestada pelos trabalhadores da empresa, conforme conta o integrante do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Hebert Claro.

"Hoje, na Embraer, nós estamos fazendo a produção de aviões que foram encomendados há dois, três anos atrás. E os anos de 2007 e 2008 foram anos que a Embraer mais vendeu aviões. A produção está a todo pique: tem setores inteiros que vêm trabalhar de sábado e domingo, fazendo hora extra. A empresa diz que foi a queda das encomendas. Mas como foi a queda da demanda se a produção dentro da fábrica continua a mesma?"

As demissões são reflexos do processo de reestruturação da empresa. Com um número menor de trabalhadores, a Embraer conseguiu diminuir os gastos com a folha de pagamento. A mesma meta de produção de aviões foi mantida. Não houve queda no lucro dos acionistas.