Mesmo com lucro, bancos continuam demitindo
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- Andrea
- 25/02/2010
Os bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Santander fecharam no último ano mais de nove mil postos de trabalho no Brasil. A informação foi divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Em 2009, juntos, os bancos tiveram lucro líquido de aproximadamente R$ 24 bilhões, além de terem ampliado o número de agências no mesmo período.
Para o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, os números mostram que os bancos não têm a responsabilidade social de que tanto fazem propaganda.
"Os seus lucros continuam altos, as tarifas cobradas dos clientes continuam muito elevadas e o spread (o spread bancário é a diferença entre os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas e jurídicas e as taxas pagas pelos bancos aos investidores que colocam seu dinheiro em aplicações do banco) continua elevado. Com isso enxergamos que a contrapartida social que os bancos deram a esses lucros estratosféricos foi a redução dos postos de trabalhos e a manutenção de spread a juros elevados."
Quando anunciaram a fusão em 2008, os bancos Itaú e Unibanco tinham quase 109 mil funcionários. Um ano depois, o número foi reduzido para pouco menos de 102 mil, uma redução de sete mil postos. Mesmo assim, neste período, o banco registrou lucro líquido de aproximadamente R$ 10 bilhões. O Santander, por sua vez, demitiu mais de mil funcionários.
O levantamento também mostra que a rotatividade da força de trabalho ajuda na redução tanto dos funcionários como nos salários. Enquanto os funcionários recebiam em média R$ 3,5 mil, os novos contratados recebem pouco mais de R$ 2 mil.
Com os números, Carlos reforça que é preciso rediscutir o papel dos bancos. "O papel deles não é de dar lucros para banqueiros privados. Dá para perceber que os bancos acabam levando em consideração a remuneração dos seus executivos e não leva em consideração o papel social deles, que é de fomentar o crédito que possa gerar desenvolvimento econômico, emprego e renda."
Danilo Augusto, da Radioagencia NP.