Correio da Cidadania

Mais uma ação de criminalização contra integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) está em curso, desta vez no município de Inhapi (AL). Desde o último domingo (28), o assentado José Aparecido Costa da Silva, conhecido como Cido, está preso sob a alegação de desobediência à reintegração de posse da fazenda Capim. O assessor de comunicação do MST, Rafael Soriano, conta mais detalhes da ação que acabou em tortura para o assentado.

"O Cido foi preso na zona rural de Inhapi, quando foi abordado por cinco viaturas da Polícia Militar. Algemado e colocado na viatura, ele ficou três horas rodando pela zona rural, recebendo ameaças de morte. Quando ele chegou na delegacia, Cido passou cerca de dez minutos apanhando, segundo seu relato. Os policiais colheram falso depoimento e fizeram ele assinar sob tortura."

A ação aconteceu um dia depois que cem famílias reocuparam o acampamento 1º de novembro, na fazenda Capim. Desde 2003, o latifúndio é requerido por famílias. A suspeita é de que Cido, que mora no assentamento Frei Damião, tenha sido reprimido para servir de exemplo aos que lutam pela reforma agrária no Brasil.

"É o latifúndio se utilizando dos aparatos que tem para reprimir a ação das famílias que estão buscando terra para produzirem. [Mas] nos assusta pelo desrespeito aos direitos humanos. Os movimentos sociais daqui de Alagoas já estão recebendo esses alertas, as entidades de direitos humanos estão articulando as posições do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e do próprio governo do estado, que ainda não emitiu posição oficial."

O juiz que emitiu a ordem de prisão, Ferdinando Scremin Neto, saiu de férias no dia 1º de março, o que fará com que Cido continue preso na delegacia de Delmiro Gouveia até a chegada de um substituto.

Já existem outros cinco mandados de prisão contra lideranças para enfraquecer a ocupação. Para esta sexta-feira (05), está marcada outra tentativa de reintegração de posse.

Aline Scarso, Radioagência NP.