Referendo mundial debate mudanças climáticas
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- Andrea
- 06/03/2010
A maioria das pessoas sabe que a Conferência dos Chefes de Estado sobre o Clima, realizada em dezembro de 2009 em Copenhague, foi um fracasso. A grande mídia deu essa informação. Como de hábito, contudo, ela deixou de informar sobre o que fizeram as organizações sociais que também se reuniram na mesma oportunidade. Menos ainda elas noticiaram o que foi proposto por governantes em favor de caminhos alternativos aos que dominaram os debates da Conferência. Em vista disso, o presente artigo propõe-se a cobrir parte desse vazio, destacando a proposta apresentada à Conferência no dia 17 de dezembro pelo presidente da Bolívia, Evo Morales.
Por que Evo Morales?
É importante destacar que Evo Morales faz parte do povo indígena Aymara, e não
deixou de ser indígena ao ser eleito presidente; mesmo porque a Constituição boliviana reconhece as Nações que compõem o Estado da Bolívia. Com certeza, sua proposta tem tudo a ver com a cultura e religião de seu povo, que é parente das culturas dos demais povos de longa história do Continente. Para eles, a Terra é Pachamama, Mãe Terra, fonte generosa de vida. Por isso, toda relação com ela tem a ver com todas as formas de vida, e de modo especial com os seres humanos; tem a ver, na verdade, com os direitos da própria Terra, anteriores aos direitos de todos os seres vivos e dos humanos. Por isso, a atividade da pesca, da caça, da derrubada de árvores, do plantio de sementes, enfim cada atividade deve ser precedida por orações cultuais de pedido de licença, de bênção e de perdão.
Sentindo-se agredido, como filho de Pachamama, pelas propostas dos empresários capitalistas, trazidos a tiracolo pela maioria dos governantes, que teimam em manter o que já feriu a Terra como sua fonte de enriquecimento, aceitando apenas mudanças superficiais, Evo decidiu enfrentá-los. Como? Apostando no poder soberano dos Povos da Terra.
Referendo mundial
Afinal, quem deve decidir sobre o que fazer para atacar o que causa aquecimento cada vez maior do Planeta? O único ser vivo da Terra que pode usar sua liberdade para tomar esta decisão é o ser humano; as pessoas humanas, que formam diferentes povos, são o único poder soberano em relação a esta e a muitas outras decisões que têm a ver com a vida e com o ambiente que permite a continuidade e desenvolvimento da vida. A sorte da Mãe Terra e de seus filhos e filhas não pode ficar nas mãos de quem deseja transformar tudo em mercadoria, em coisas que geram riqueza...
De que forma a humanidade pode ter oportunidade de manifestar sua vontade livre? Por meio de uma Consulta, um Referendo Mundial: "Já que temos profundas diferenças entre nós, presidentes, consultemos ao povo e façamos o que ele nos disser", declarou Evo em Copenhague. Por isso, anunciou que assumia convocar este Referendo com as seguintes perguntas:
1) Você está de acordo em restabelecer a harmonia com a natureza reconhecendo os direitos da Mãe Terra? SIM ou NÃO
2) Você está de acordo em mudar este modelo de super-consumo e desperdício que é o sistema capitalista? SIM ou NÃO
3) Você está de acordo que os países desenvolvidos reduzam e reabsorvam suas emissões de gases de efeito estufa de forma doméstica para que a temperatura não suba mais de 1 grau Celsius? SIM ou NÃO
4) Você está de acordo em transferir tudo que se gasta com as guerras e destinar um orçamento superior ao orçamento de defesa para as mudanças climáticas? SIM ou NÃO
5) Você está de acordo com um Tribunal de Justiça Climática para julgar aos que destroem a Mãe Terra? SIM ou NÃO
Eu já votei. E você?
Para participar deste Referendo, basta entrar no Site http://portalmre.rree.gov.bo/cumbre/Referendum.aspx/oHTTP://portalmre.rree.gov.bo/cumbre/Referendum.aspxpreencher os dados e votar.
Precisamos ser milhões! O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS) está empenhado nesta campanha e conta com todas as forças sociais para mobilizar o Brasil a entrar nela. Faça sua parte: convide a todos que puder para entrarem nesta corrente em favor da vida da Terra e da vida humana na Terra.
Por Ivo Polletto, assessor do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social.
Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.