No RS, assentados irão colher mais de 177 mil sacas de arroz ecológico
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- Andrea
- 31/03/2010
Assentados da região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, iniciaram a colheita do arroz ecológico. Ao todo, foram plantados mais de 2 mil hectares com arroz sem uso de veneno ou adubos químicos. A produção estimada é de mais de 170 mil sacas, mesmo com uma quebra de aproximadamente 20%, devido às fortes chuvas que atingiram o estado durante o plantio.
O trabalho com arroz ecológico é feito há 11 anos e envolve atualmente 8 assentamentos de 6 cidades próximas à capital. O presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Tapes, Tarcísio Stein, fala sobre como é trabalhar com o arroz orgânico.
"A cooperativa consegue se auto-sustentar há dois anos. Ela consegue fazer a lavoura com a sobra. A diferença do custo de produção e o custo de fazer lavoura nós baixamos 15% com relação ao ano passado. Isso ocorre porque existe planejamento, hora certa de plantar".
A abertura oficial da colheita do arroz agroecológico na região aconteceu na última sexta-feira (26) no Assentamento Lagoa do Junco, em Tapes, há 103 km de Porto Alegre. O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, ressaltou o novo modo de produção agrícola trazido pelos assentados.
"O mais importante, do ponto-de-vista da reforma agrária, é construirmos um novo modo de produção agrícola que produza alimentos limpos, sem veneno; que empregue as pessoas e que gere renda. Os assentamentos irão vender esse arroz para a Conab em torno de R$ 33,00 a saca de 50kg, com um custo de produção a R$ 14,00. Ou seja, de cada mil sacas, 500 são lucro".
Durante a abertura da colheita, representantes da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, falaram sobre a luta do povo indígena para a conquista da terra. Eles realizam um intercâmbio no Rio Grande do Sul para aprimorar os conhecimentos no plantio e colheita do arroz orgânico.
Para eles, a presença do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) em Roraima levou a um aprimoramento das práticas de produção.
Bianca Costa, da Radioagência NP.