Correio da Cidadania

Em Honduras, repressões contra resistentes ao golpe atingem adultos e crianças

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A repressão instalada em Honduras após o golpe de Estado ocorrido no dia 28 de junho do ano passado segue fazendo vítimas no país. Na última sexta-feira (2), foi a vez de Ricardo Salgado, membro da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), ser alvo de ataques. Até mesmo crianças e adolescentes contrários ao golpe - ou filhos de manifestantes - não escapam das ações repressoras.

 

Em carta divulgada ontem (4), o analista político e ativista da Frente, Ricardo Salgado, conta que, na sexta-feira, saiu de carro com a esposa quando sentiu dificuldades de realizar algumas manobras no veículo. Segundo ele, ao perceber que algo estava errado, diminuiu a velocidade e, 50 metros depois, a roda esquerda traseira saiu da posição correta e o carro ficou sem controle. "Depois de uns minutos de pânico, fui ver o que havia provocado este evento e constatei que faltavam as porcas das rodas em seus lugares habituais", recorda.

 

Salgado acredita que as porcas da roda traseira do carro dele foram propositalmente desapertadas com a intenção de proporcionar um acidente envolvendo ele e a família. "O veículo não apresentava nenhum outro sinal de mau funcionamento, e o único indício racional me leva a pensar que as porcas foram afrouxadas deliberadamente com o propósito de atentar contra minha pessoa e minha família", considera.

 

Para a Frente, o episódio ocorrido contra Salgado representa um "aviso" aos dirigentes da Frente de Resistência para adotarem medidas de emergência para preservar a vida e a segurança de Salgado e a família dele. "Todos em Honduras e em Nossa América nos mantemos alerta; muito atentos. Não vamos permitir que os energúmenos no poder continuem desenvolvendo seu plano de extermínio seletivo. Não vamos andar com as mãos nas algibeiras, sem fazer nada", destaca Igor Calvo, integrante da Frente, pedindo, ainda, solidariedade aos povos vizinhos.

 

Crianças e adolescentes

 

Os ataques não se restringem apenas aos adultos participantes da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP). Denúncias revelam que filhos de resistentes e crianças e adolescentes que se opõem ao governo de Porfirio Lobo também são alvos de repressão.

 

De acordo com informações de Igor Calvo, membro da FNRP, o presidente hondurenho deu ordens a Alejandro Ventura, ministro de Educação, para que utilize a tortura psicológica, o acosso e a repressão social contra os filhos dos resistentes nos centros de estudos.

 

"São milhares de meninas e meninos que sentem uma co-natural inclinação para a FNRP (porque não se crê que só os adultos têm opinião e sentimento de Pátria), e basta um comentário nesse sentido para serem vítimas de alguns ‘mestres’ e ‘autoridades escolares’", afirma.

 

Jorge Fernando Jiménez Reyes, de 16 anos, e o filho de seis anos de Alexander Antonio Herrera são exemplos de crianças e adolescentes que passaram por situações de ameaças, agressões e maus-tratos no ambiente escolar. Outras que também sofrem com ameaças são as filhas de Rebeca Becerra Lanza, integrante da Frente que sofre, junto com as meninas, de constantes ameaças.

 

Por conta das ameaças às crianças e da falta de proteção, Rebeca Becerra propõe uma série de atividades para chamar atenção de autoridades e sociedade para o risco que correm crianças e adolescentes no país. Plantões em frente ao Ministério Público (dirigido à Promotoria da Infância) e aos escritórios das Nações Unidas (destinados ao Fundo das Nações Unidas para a Infância - Unicef), manifestações, protestos, e atividades artísticas de denúncias são algumas das ações destacadas pela Resistente.

 

Por Karol Assunção, Adital.

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