Correio da Cidadania

PM despeja acampamento de “Alagados”

0
0
0
s2sdefault

 

A Polícia Militar despejou, na madrugada de sexta-feira (21), o Acampamento "Alagados do Pantanal", na Vila Curuçá, na zona leste de São Paulo (SP). Cerca de cem famílias ocupavam o local desde o dia 17 de abril, todas vítimas dos alagamentos que ocorreram em dezembro do ano passado na região do Jardim Pantanal.

De acordo com o integrante das organizações Terra Livre e do Movimento de Urbanização e Legalização do Pantanal (MULP), Marzeni Pereira da Silva, a operação contou com forte aparato militar. Além da PM, participaram do despejo efetivos do Corpo de Bombeiros e funcionários do Conselho Tutelar e da Prefeitura. Silva também conta que as famílias foram forçadas a sair rapidamente, sem tempo para recolher todos os pertences. "Deram só meia hora para sair, e só deu para recolher algumas roupas e o que tinha mais valor", explica.

Silva ainda relata que os representantes da Subprefeitura de Itaim chegaram a oferecer vagas em albergues noturnos para as famílias, que recusaram a proposta. "Algumas famílias não tinham para onde ir, e a Subprefeitura queria levar para albergues, mas nós não aceitamos. Como as pessoas vão só dormir e depois ficar na rua, com as crianças?", questiona.

Os proprietários do terreno ocupado, de acordo com Silva, não pagavam impostos há oito anos, e a área estava abandonada, servindo apenas para depósito de lixo e tráfico de drogas. Antes da ocupação, a Prefeitura já havia anunciado que o terreno seria usado para a construção de casas. As novas unidades habitacionais, no entanto, não seriam doadas para as famílias que perderam suas moradias no alagamento, e sim financiadas por meio de programas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU).

Protesto

Ainda na sexta-feira, por volta do meio-dia, as famílias despejadas do acampamento realizaram uma passeata pela avenida Marechal Tito mas, segundo Silva, a manifestação foi dispersada com bombas gás lacrimogêneo. Em seguida, as famílias organizaram um protesto em frente à subprefeitura de Itaim-Vila Curuçá, a fim de reivindicar uma reunião e soluções de moradia, mas não foram recebidos pelo subprefeito.

Sem respostas do poder público, as famílias retornaram ao Jardim Pantanal e tentaram montar barracas em áreas onde algumas casas foram demolidas, mas foram impedidas pela Polícia Ambiental. As famílias abrigaram-se, então, na casa de parentes e amigos.

Apesar do despejo, Silva conta que as famílias seguem motivadas pelo direito à moradia. "A luta continua. O pessoal não tem casa, então [a luta] vai ter que continuar".

As enchentes de dezembro causaram a inundação de oito a nove mil casas, quase a metade existente na região. Movimentos sociais e organizações populares vêm denunciando, desde então, que os alagamentos foram provocados pela abertura da barragem de Mogi das Cruzes e fechamento da barragem da Penha, alagando o Jardim Pantanal, que fica entre ambas.

Como solução emergencial, a prefeitura ofereceu apenas os chamados vale-aluguéis durante seis meses no valor de 300 reais.


Por Patrícia Benvenuti, Brasil de Fato.

0
0
0
s2sdefault