Nos EUA, barco israelense tem descarga bloqueada em solidariedade à Palestina
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- Andrea
- 24/06/2010
Em nossa época esta é uma ação histórica e sem precedentes. Mais de 800 ativistas sindicais e comunitários bloquearam o cais de Oakland, nos Estados Unidos, durante a madrugada, o que permitiu que os estivadores se negassem a cruzar as linhas do piquete e impediu a descarga de um barco israelense.
De 5:30 às 9:30, um protesto militante e espirituoso ocorreu em frente às quatro portas do Serviço de Estiva da América, com as pessoas cantando sem parar "Livre, Palestina livre, não cruze a linha do piquete" e "Um ataque contra um é um ataque contra todos, o muro do apartheid vai cair".
Argumentando acerca de sua saúde e segurança – disposições contidas em seus contratos de trabalho – os trabalhadores, ligados à ILWU (organização sindical internacional dos trabalhadores portuários), se negaram a cruzar o piquete.
Entre as 8:30 e 9:00, uma arbitragem de emergência foi realizada no estacionamento da empresa Maersk, próximo ao cais. De forma "instantânea", um juiz apareceu no local para decidir se os trabalhadores podiam negar-se a cruzar o piquete sem medidas disciplinares.
Às 9:15, após confirmar a continuidade do protesto de centenas de pessoas em cada portão de acesso ao caís, o juiz sentenciou a favor do sindicato, dizendo que a situação era realmente insegura para que os trabalhadores tentassem entrar no cais.
Jess Ghannam, da Aliança Palestina Livre, e Richard Becker, da Coalizão ANSWER (Atue Agora para Parar a Guerra e Acabar com o Racismo, na sigla em inglês), receberam aplausos e gritos de "Viva a Palestina!" ao anunciarem a vitória do movimento. Ghannam disse: "Isto é realmente histórico, nunca antes um barco israelense havia sido bloqueado nos Estados Unidos!"
A notícia de que um navio com contêineres da companhia de navegação Zim Israel estava programado para chegar à área da baía neste domingo provocou uma enorme onda de solidariedade com a Palestina, sobretudo em função do violento atentado israelense, no dia 30 de maio, contra os voluntários que levavam ajuda humanitária para Gaza.
Com 10 dias de antecipação à chegada do navio, um clima de emergência se criou no "Comitê Sindical e Comunitário de Solidariedade com o Povo Palestino". Na quarta-feira, 110 pessoas dos sindicatos e da comunidade vieram ajudar a organizar a logística, a difusão e o apoio da comunidade local. Dentre as organizações que tornaram o ato possível estão a Coalizão Palestina Al-Awda Direito ao Retorno, a Coalizão ANSWER, a Seção local da USLAW (Trabalhadores Estadunidenses Contra a Guerra) e a Seção Sindical do Comitê pela Paz e pela Justiça.
Esta semana, dois conselhos sindicais locais aprovaram resoluções quanto à denúncia do bloqueio israelense a Gaza. Ambos emitiram notas públicas sobre a ação no cais do porto.
O ILWU tem una história de orgulho por estender a sua solidariedade aos povos que lutam em todo o mundo. Em 1984, as massas negras sul-africanas participavam de uma intensa luta contra o apartheid, e o ILWU negou-se por 10 dias (um recorde) a descarregar mercadorias do navio "Ned Lloyd", da África do Sul. Apesar de multas milionárias impostas aos sindicatos, os trabalhadores portuários se mantiveram fortes, proporcionando um grande impulso ao movimento contra o apartheid.
Entre as muitas declarações de solidariedade ao protesto estão as dos trabalhadores palestinos e cubanos. A Federação Geral Palestina de Sindicatos disse que "sua ação de hoje é um marco na solidariedade internacional dos trabalhadores dos EUA, de honestos e valentes sindicalistas. Saudações dos sindicalistas e trabalhadores da Palestina… dos sindicalistas e trabalhadores enjaulados em Gaza."
A Central de Trabalhadores de Cuba (CTC) escreveu: "Nosso povo vive há 50 anos um bloqueio injusto e abominável do governo dos EUA, de modo que entendemos muito bem como o povo palestino se sente, e vamos estar sempre em solidariedade com a sua justa causa. Hoje lhes enviamos o nosso apoio mais sincero. Viva a solidariedade da classe trabalhadora! Fim ao bloqueio de Gaza! Respeito e justiça para o povo da Palestina!"
A ação em Oakland, no sexto maior porto dos Estados Unidos, é o primeiro de vários protestos e paralisações previstos em todo o mundo, incluindo Noruega, Suécia e África do Sul. Seguramente inspiraremos outros a fazerem o mesmo.
Por Gloria la Riva.
Retirado do site da CUT.