Correio da Cidadania

Petrobrás: mergulho para a morte

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Com a descoberta do Pré-Sal, o uso da atividade do mergulho se intensifica. Essas imensas reservas de petróleo se localizam no mar e os mergulhadores são fundamentais. A Petrobrás utiliza mais de 90% da atividade de mergulho e, de forma irresponsável, terceiriza totalmente a atividade. Jovens brasileiros, na maioria dos casos sem informação, ingressam na segunda profissão mais perigosa do planeta. A profissão mais perigosa é a de astronauta. O mergulhador, em termos de risco de morte na atividade, se compara ao astronauta. Porém, no quesito seqüela adquirida durante a vida laboral, supera em muito o astronauta. A vida útil de um mergulhador é de 15 anos, pois, se muitos astronautas sobrevivem ao tempo de trabalho saudáveis, no mergulho a doença é inexorável. E não estamos falando de doenças corriqueiras, estamos falando de doenças que impossibilitam o exercício de qualquer outra a atividade. O numero de óbitos entre os mergulhadores é alarmante. Dados de 1998, na Bacia de Campos, em 22 anos, 155 mergulhadores acidentaram-se. Trinta morreram e dezessete foram afastados permanentemente da atividade.

 

Esse índice é muito alto considerando que o efetivo do mergulho era de menos de 300 trabalhadores. Hoje, em função da descoberta do Pré-Sal e da intensificação da pesquisa, exploração e produção de petróleo no mar, são milhares de mergulhadores em ação. O mergulho exige quarentena antes e depois de cada mergulho, sendo a desobediência a esse procedimento fatal.

 

Mesma seguindo a risca os procedimentos da Organização Mundial de Saúde e das NR do Ministério do Trabalho, os problemas persistem. O que agrava ainda mais a situação é que a Petrobrás contrata através de terceiros essa mão-de-obra, lavando as mãos, tirando de si a responsabilidade. O principal objetivo dessas empreiteiras é obter lucro, pouco se lixando para a vida do mergulhador. Denúncia como essa e outras são consideradas ofensivas ao Código de Ética da Petrobrás; só quem pode falar são os gerentes indicados pela empresa. Por contrariarem essa orientação, vários companheiros têm sido punidos, o que agrava ainda mais a situação. Repetimos, a direção da Petrobrás utiliza mais de 90% da atividade de mergulho no Brasil. Delegar para terceiros essa atividade é uma atitude de quem se arvora ter responsabilidade social?

 

Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.

 

Fonte: AEPET – Associação de Engenheiros da Petrobrás.

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