Correio da Cidadania

Deu segundo turno para presidente. Dilma e Serra vão se confrontar no próximo dia 31. Eu confesso, votei na Dilma. Muitos petistas como eu, insatisfeitos com o governo, votaram na Marina no primeiro turno, mas não votarão no Serra de jeito nenhum no segundo turno. Com certeza, isso vale também para toda a esquerda que legitimamente teve seus candidatos no primeiro turno.

A onda verde e a criminalização da boca de urna como nunca vimos antes resultaram na queda de Dilma e no conseqüente segundo turno. Marina que não se iluda. Apoiar Serra significa perder toda a identidade com os eleitores que lhe deram uma votação expressiva e acreditaram na onda verde para preservar nosso planeta.

Agora se Dilma quer vencer e convencer tem que se afastar um pouco do marqueteiro e radicalizar nas questões sociais. Assumir de fato as bandeiras de Marina nas questões ambientais. Convocar os partidos de esquerda, as centrais sindicais e o movimento social para um programa que comece a resolver nossos graves problemas sociais.

Essa militância só pode ser convocada nesse momento pela candidatura Dilma, a única que tem legitimidade para isso. Tem que assumir a bandeira da desprivatização do Estado para atender interesses da sociedade como o próprio governo Lula fez com a TELEBRÁS, para implantar a banda larga em todo o país, coisa que a iniciativa privada não faria jamais. Precisa, em especial nesse momento fabuloso da descoberta do pré-sal, se comprometer com o fim dos leilões que entregam nosso rico petróleo para multinacionais e cancelar de vez a lei 9478/97 de FHC.

Combater a violência não pode ser somente com as UPP’s e o "Caveirão", tem que melhorar a vida do povo. Precisa gerar empregos como já faz, porém empregos de qualidade, por exemplo, aproveitando as riquezas do petróleo como propõe a PL dos Movimentos sociais em tramitação no Senado Federal. Melhorar a saúde e a educação propondo mais verbas no setor e na saúde implementar de fato o SUS, um dos melhores sistemas de saúde do mundo, porém, sem recursos.

A campanha tem de apontar metas na reforma agrária, anunciar casas populares para os sem teto nos centros urbanos a um valor simbólico como fizeram no passado o IAPC, IAPI, IAPM etc. E se comprometer a não desalojá-los das ocupações se o prédio ocupado pertencer a União, estados e municípios. Aliás, Lula já propôs isso!

O Serra anuncia o salário mínimo de 600 reais. Não sei se por conta dessa proposta, mas o fato é que ele cresceu na reta de chegada. Mas quem elevou o salário mínimo acima dos 200 dólares foi o governo Lula. Por que não propor aumentos reais no mínimo até atingir o proposto pelo DIEESE e previsto na Constituição Federal? E os aposentados, é necessário fazer justiça com eles dando aumento real para todos, e não somente para os que recebem salário mínimo. Em relação a aposentados é fundamental respeitar os contratos dos petroleiros.

Além de assumir compromissos com o povo, Dilma precisa destacar a importância da integração latino-americana. O que a vitória de Serra representa para essa política?

Em resposta às denúncias vamos reafirmar a política de democratização da mídia como propôs a Conferência Nacional de Comunicação. É preciso acabar com a censura existente. As grandes emissoras de TV e rádio, concessões públicas, não podem bloquear os debates dos movimentos sociais como fazem atualmente.

A grande mobilização ou a chamada onda vermelha que assusta e derrota a burguesia só vai acontecer se houver compromisso da candidata Dilma com o povo brasileiro. Caso contrário, pode dar Serra!

Por, Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.