Correio da Cidadania

Ex-ditador Rafael Videla e outros repressores são condenados à prisão perpétua

0
0
0
s2sdefault

 

A Justiça Federal da Argentina condenou nesta quarta-feira (22) o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla à prisão perpétua por ter cometido crimes de lesa humanidade durante a última ditadura militar (1976-1981). O julgamento durou seis meses e foi realizado na província de Córdoba.

 

Videla foi condenado juntamente com outros 29 repressores, entre eles, Luciano Benjamín Menéndez, que será submetido a uma junta médica que avaliará se ele poderá cumprir a pena em uma prisão comum.

 

Os juízes Jaime Díaz Gavier, Carlos Lazcano e José Pérez Villalobo afirmaram que Videla e Menéndez são responsáveis pelos crimes que lhes são imputados, que correspondem à morte de 31 presos políticos, a seqüestros e torturas aplicadas a ex-policiais.

 

O ex-chefe do Exército havia sido condenado à prisão perpétua no julgamento das Juntas de Comandantes, celebrado em 1985, mas foi perdoado pelo presidente Carlos Menem (1989-1999), apesar das críticas dos argentinos.

 

A sentença, que ordena o cumprimento da condenação em uma prisão comum, foi recebida com alegria por familiares das vítimas e sobreviventes da repressão ilegal, tanto nas portas do tribunal de Córdoba como em Buenos Aires, onde o veredicto foi transmitido ao vivo na sede da Secretaria de Direitos Humanos da Argentina.

 

O correspondente da Telesur na Argentina, Sergio Darco, disse que "era esperada a emoção e a alegria das muitas pessoas que estavam na porta do tribunal". "O ex-presidente de fato Jorge Rafael Videla irá para uma prisão comum, há que se lembrar que Jorge Rafael Videla já tinha uma condenação e que a estava cumprindo em sua casa", disse o correspondente.

 

A respeito de Menéndez, Darco recordou que "ele havia alegado que por questões de saúde não podia permanecer preso". No entanto, depois da condenação desta quarta-feira, "será submetido a uma junta médica para que avalie se finalmente pode cumprir a condenação em uma prisão comum".

 

O julgamento começou em 2 de julho deste ano e terminou com a sentença desta quarta. Ainda espera-se a decisão final sobre os outros repressores acusados pela justiça argentina.

 

Em sua autodefesa, o ex-ditador Videla reivindicou a atuação das Forças Armadas durante seu mandato e insistiu em que a "sociedade argentina (foi) a principal protagonista da guerra e que ela fez com que o exército agisse em legítima defesa".

 

Por sua vez, o repressor Luciano Benjamín Menéndez, que durante a ditadura militar atuou como titular do Terceiro Corpo do Exército, justificou o terrorismo de Estado argumentando que "os argentinos sofriam o assalto dos subversivos marxistas que por ordem da União Soviética e sua sucursal americana, Cuba, queriam submeter o país ao seu sistema".

 

O prêmio Nobel da Paz e titular do Serviço de Paz e Justiça (Serpaj), Adolfo Pérez Esquivel, que assistiu à audiência 62 do julgamento, defendeu que a Argentina "avançou mais que nenhum outro país" em relação aos julgamentos por violações de direitos humanos, o que segundo ele é uma "muito importante decisão política do povo argentino".

 

Pérez Esquivel afirmou ainda que o juízo é "um avanço importantíssimo no direito de verdade e justiça, onde um Poder Judicial e a decisão política de avançar nestes julgamentos vai estabelecer quem são os responsáveis destes crimes contra o povo e que isto não volte a acontecer".

 

"Isto abre um precedente não só na Argentina, mas em todo mundo", completou Pérez Esquivel.

 

Fonte: Telesur. Retirado de Brasil de Fato.

0
0
0
s2sdefault