Frade condena ocupação imobiliária anunciada
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- Andrea
- 06/01/2011
A Mata do Planalto, situada nos bairros Planalto, Campo Alegre, Itapoã e Vila Clóris na região norte de Belo Horizonte, tem cerca de 300.000 m2, parte mata nativa. Com uma rica biodiversidade, abriga mais de 20 nascentes que abastecem o córrego Bacuraus, subafluente do rio das Velhas, principal afluente do rio São Francisco. É um dos poucos refúgios de pássaros da região que nos encantam diariamente com uma bela sinfonia.
São mais de 68 espécies de aves, além de tatus, micos, cobras, lagartos, gambás, serpentes e anfíbios de várias espécies. Em sua flora exuberante há uma Copaíba, árvore rara que compõe a lista de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente, além de Ipê Amarelo, cujo corte é proibido pela legislação federal. Mas a Construtora Rossi está com projeto para construir na Mata do Planalto, em uma primeira fase, 16 prédios de 15 andares, num total de 760 apartamentos de luxo, com mais de mil vagas de estacionamento.
O prazo de execução das obras é de, no mínimo, três anos, período em que poderemos testemunhar o ruído, a poluição e a destruição das vias públicas, motivados pela movimentação intensa de centenas de caminhões e máquinas pesadas, além do risco de acidentes nos bairros adjacentes.
Se acontecer, devemos nos preparar para conviver com temperatura ambiente alta, provável falta d’água no médio prazo e queda da qualidade de vida com reflexo na saúde, educação e transporte que entrarão em colapso devido ao incremento de mais de 4 mil moradores no bairro (sem contar muitas outras construções que estão em curso), e o mais triste: a destruição da mata, das nascentes e de toda a biodiversidade da Mata do Planalto.
A Construtora Rossi afirmou que "não será um empreendimento estraga-bairro", insinuando que não seriam construídos apartamentos para pobres, mas para ricos. Essa forma direta de discriminação contra os pobres, no fundo, tem como objetivo ocultar o que, verdadeiramente, irá estragar o bairro, que é a destruição da Mata do Planalto, assim como a construtora Rossi fez no condomínio Botanique, em Nova Lima, onde foi multada pelo Ministério Público em um milhão de reais por construir além do permitido legalmente e por despejar rejeitos de construção e esgoto em área de preservação permanente - APP.
Segundo a Lei Municipal 820, lei de uso e ocupação do solo, a Mata do Planalto é uma ADE - Área de Diretriz Especial - de interesse ambiental, requerendo estudos aprofundados sobre qualquer construção que se pretenda fazer em seu interior. Se afetar o meio ambiente, não pode. É óbvio que afetará.
Retirado de www.matadoplanalto.blogspot.com
Frei Gilvander Luis Moreira.