Polícia investiga racismo contra criança em supermercado
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- Andrea
- 31/01/2011
A Polícia de São Paulo abriu inquérito para investigar a denúncia de injúria racial e maus tratos sofridos por um garoto de 10 anos em uma loja da rede de supermercados Extra, no bairro da Penha, na capital. Segundo relato do pai, no dia 13 de janeiro, o menor foi abordado por seguranças do estabelecimento, que o acusaram de furtar biscoitos, salgadinhos e refrigerante. Mesmo após apresentar cupom fiscal, ele foi levado para uma sala, onde passou por uma revista.
O menor revelou ter sido ameaçado com um estilete por um dos seguranças, que o obrigou a descer as calças e o chamou de "negrinho sujo". O advogado e integrante da Uneafro Brasil, Cleyton Wenceslau Borges, alerta que essa postura é comum, ocorre com freqüência e se reproduz nos diferentes espaços.
"Infelizmente, nós percebemos que, mais uma vez, uma grande empresa, um grande supermercado, utiliza práticas de discriminação e racismo, como nós percebemos também por parte da Polícia. Casos como esse não acontecem somente em defesa de patrimônio ou em defesa de empresas particulares como supermercados. Nós vemos práticas de discriminação também em universidades, escolas, igrejas, ambientes públicos e no mercado de trabalho."
Borges lembra que, nos casos em que o furto ocorre de fato, muitos juízes da área criminal decidem manter os acusados presos. Parte dos juristas brasileiros considera que não deve existir pena nesses casos, devido ao valor insignificante dos objetos furtados.
"Após a pessoa ficar presa cinco ou seis meses, o Judiciário não aplica nenhuma pena, desconsidera o crime e promove o relaxamento da prisão, quando na verdade a pessoa já foi punida porque ficou presa aguardando julgamento."
Por Jorge Américo, da Radioagência NP, com informações da Afropress.