Correio da Cidadania

Nota da UNEafro sobre a presença de Barack Obama no Brasil

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O presidente Barack Obama, primeiro negro a dirigir o império estadunidense, estará no Brasil nos dias 19 e 20 de março. Ironia do destino, véspera do dia 21 de março, quando se celebra o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

 

Mas, o que tem a dizer os movimentos populares e, especialmente, o movimento negro brasileiro diante da presença de Obama no Brasil?

 

Para nós, da UNEafro-Brasil, apesar da importância simbólica e histórica de sua eleição (afinal, trata-se de um negro dirigindo um país com histórico de preconceitos e perversidades acentuadíssimas contra a população negra), Barack Obama não surpreendeu e simplesmente manteve a imposição da cartilha capital-imperialista dos EUA ao resto do mundo.

 

Para dentro de casa, a política de Obama impõe a violência, a tortura, a prisão e a morte. Os EUA detêm a maior comunidade carcerária do mundo. Destes, maioria esmagadora de negros e outros tantos condenados foragidos ou respondendo a processos.

 

A crise econômica que mina a sociedade norte-americana não é novidade para os negros estadunidenses, que vivem em regiões que continuam a ser os "bairros dos negros", onde os serviços públicos são precários e onde os empregos são os piores e mal pagos.

 

Mumia Abul Jamal, símbolo internacional na luta do povo negro continua no corredor da morte e o Sul dos EUA, empobrecido e abandonado, sofre ainda com os efeitos do furacão Katrina, além da presença permanente das organizações racistas, inclusive remanescentes da Ku Klux Klan.

 

Para fora, a política militarista e as articulações lobistas continuam. Obama mantém a prisão de Guantánamo e o embargo imperialista a Cuba, o apoio à manutenção das tropas estrangeiras no Haiti, além da permanente intervenção militar na América Latina a partir do cooptação dos governos do México e da Colômbia. A mesma lógica imperialista se mantém no Oriente Médio, onde os EUA colocam seus interesses econômicos acima da autonomia e da cultura dos povos daquela região.

 

Diferentemente do que gostaríamos, Barack Obama, o primeiro negro a ocupar a chefia do império estadunidense, se comporta como um branco, governa como um branco e impõe seu poder, como comandante da maior potência econômica mundial (apesar da crise) como se fosse um velho ianque.

 

Por estar a serviço do capitalismo e dos interesses das megacorporações econômicas do mundo; por dar continuidade à política imperialista e racista centenária dos EUA; por empregar, direta ou indiretamente, políticas de genocídio e extermínio em todo o mundo, em especial na África, América Latina e em países do Oriente Médio, Barack Obama não nos representa e não pode ser considerado um de nós!

 

Fora Obama, traidor do povo negro no mundo!

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