A execução dos camponeses Cláudio e Maria
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- Andrea
- 24/05/2011
Corrupção na Assembleia Legislativa, secretário processado por trabalho escravo, renúncia de acusado de corrupção no segundo escalão e agora dois corpos de camponeses sobre a mesa do governo em menos de seis meses de PSDB no estado do Pará.
Quando o partido reassumiu o poder após 12 anos na administração, incluída a desastrosa administração petista, a avaliação dos setores do campo no Pará era que o ímpeto dos ruralistas iria se reacender - e o aparato do estado agudizar a coerção contra as representações camponesas.
Impossível não lembrar do Massacre do Eldorado, 1996, uma ação da polícia que resultou na execução de 19 camponeses no município de Eldorado do Carajás, sob a ordem do médico Almir Gabriel (PSDB). Não há ninguém preso até hoje.
O nome de José Cláudio Ribeiro da Silva constava na lista de ameaçados de morte desde a década de 1990. Ele militou junto ao Sindicato de Trabalhadores Rurais e do Conselho Nacional de Seringueiros (CNS), assim como Chico Mendes.
Sempre que concedia entrevista fazia questão de exibir uma frondosa castanheira no projeto de assentamento rural Praia Alta Piranheira, localizado no município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará.
A árvore era o orgulho dele e uma espécie de símbolo de resistência contra a voracidade dos madeireiros. A esposa Maria do Espírito Santo iria colar grau no curso de Pedagogia do Campo da UFPA em julho.
Uma ironia é que as denúncias circularam em tudo que é canto. Cláudio e Maria concederam inúmeras entrevistas e num seminário em Manaus voltaram a reforçar as ameaças que a família vinha sofrendo dos madeireiros da região.
No dia 13, no Rio de Janeiro, a atriz paraense Dira Paes participou do lançamento do documentário ‘Este homem vai morrer’, do cineasta Emilio Gallo. O filme trata justamente de uma chaga que persiste de forma sistemática no sul e sudeste do Pará desde a década de 1980, o apogeu da União Democrática Ruralista (UDR).
Por Rogério Almeida, jornalista e dono do Blog O Furo