Na Colômbia, organizações exigem liberdade para advogada e defensora dos direitos humanos
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- 11/07/2011
No dia 1º de junho, a advogada e presidenta da Corporação Coletivo de Advogados Suyana, Yira Bolaños Arturo, foi detida pela Polícia Nacional da Colômbia, em Capital del Valle. Junto a outras seis pessoas, Yira é acusada de pertencer à Coluna Móvel Gabriel Galvis, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). De acordo com organizações sociais, a ação do governo não passa de uma investida contra os defensores dos direitos humanos e, por isso, exigem que a advogada seja posta em liberdade.
"Exigimos a liberdade imediata de Yira Bolaños Arturo, o fim da perseguição e vigilância contra ela. Além disso, solicitamos que se restaure seu bom nome e de nossa organização ante os meios de comunicação”, declara a Corporação Coletivo de Advogados Suyana, em comunicado.
Conforme os advogados, a detenção de Yira "é parte de uma manobra processual jurídica construída pela Polícia Judicial como consequência de uma campanha recorrente e sistemática de perseguição, assédio, vigilância ilegal, ameaças contra sua vida e a de sua família, a vinculam e acusam, com argumentos e testemunhos sem fundamento, de ser integrante das Farc”.
Os companheiros revelam que a ativista vem sofrendo perseguições desde janeiro de 2003, quando foi presa também sob acusação de ter ligações com as Farc. À época, Yira passou quase dois anos detida e, mesmo após deixar a prisão, continuou a sofrer intimidações dirigidas a ela e à família. A advogada foi absolvida em 2007 pelo juiz da cidade de Popayán.
Em 2004, Yira denunciou as ameaças à Promotoria Geral da Nação, "com total ausência de resultados e impunidade absoluta”, segundo o comunicado. Mais recentemente, em 12 de outubro de 2010, após acompanhar um desalojamento no Bairro Remansos de Comfandi, em Santiago de Cali, enquanto defensora dos direitos humanos, Yira sofreu novas ameaças e acusações por parte do inspetor de polícia Juan Carlos Valencia Soto.
Os advogados consideram que a perseguição a Yira se inscreve no contexto de criminalização da defesa dos direitos humanos e dos movimentos sociais na Colômbia. "Seu caso é mais uma evidência do caráter antidemocrático do regime colombiano e da subordinação do poder judiciário e da polícia a interesses políticos e ao silenciamento do pensamento crítico”, denunciam.
Atendendo ao pedido de solidariedade à Yira, o Processo de Unidade Popular do Sul Ocidente Colombiano (PUPSOC), no Valle do Cauca, lançou nota em que exige liberdade imediata para a ativista, "valente defensora dos direitos humanos”.
“Este fato injusto ocorre em momento em que a demagogia oficial grita aos quatro ventos que na Colômbia se respeitam os direitos humanos, e em que as reformas na justiça apontam a criminalização absoluta de todas as formas de expressão e mobilização social”, salientam.
Por Camila Queiroz, da Adital.