Carta-aberta do 17º Grito dos Excluídos
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- 12/09/2011
Nós pastorais sociais, movimentos sociais, organizações, sindicatos e povo excluído, reunidos no 17° Grito dos Excluídos e das Excluídas, cujo lema é Pela Vida Grita a Terra... Por direitos todos nós!, vimos através dessa carta tornar pública nossa reflexão acerca da realidade mundial, brasileira e local.
A situação mundial vivenciada na atualidade de crise financeira e econômica que vários países passam revela o esgotamento do atual modelo de desenvolvimento sócio-econômico produtivista-consumista, pois essa crise não é apenas econômica, mas civilizatória, expressa nas suas dimensões econômica, ambiental, social, energética, alimentar e ética.
O Brasil por sua vez vive ainda um momento de crescimento econômico baseado nesse modelo em crise nos países centrais, logo sentiremos os efeitos deste modelo. Reconhecemos os avanços dos últimos anos, o Brasil distribui renda, mas não elimina as desigualdades sociais e regionais; temos uma dívida pública que consome grande parte dos recursos públicos; uma saúde em colapso; uma educação com pouca qualidade; analfabetismo presente ainda com alto índice; transporte público de péssima qualidade; falta de moradia e saneamento básico; a reforma agrária esquecida; um sistema político a favor dos grandes interesses privados; o meio ambiente visto como mercadoria; exploração dos recursos naturais; extermínio dos jovens nas nossas periferias; grande índice de violência; programas violentos gratuitamente na mídia.
Encontramo-nos em várias cidades dentro de uma única cidade, uma cidade que ainda vive a ilusão de ser um grande pólo de desenvolvimento econômico onde apenas poucos se beneficiam, basta ver as cidades de porte médio, como Campina Grande, e perceber temos apenas uma ilusão, é uma cidade sem planejamento de futuro. O que queremos ser daqui a 20 anos?
A desigualdade social é escandalosa, muitos em situação de miséria, desemprego, baixa escolaridade, serviços públicos ineficientes, baixa participação social na definição e no controle das políticas públicas; somos um pólo universitário, no entanto, não aproveitamos o conhecimento gerado nestas instituições, somos uma cidade de desiguais.
O Grito dos Excluídos e das Excluídas é um processo de organização e mobilização permanente em todo o Brasil, por isso entendemos que a construção de uma sociedade justa e igualitária é tarefa de todos e todas. Nos unimos à tradição do grito por todo o país de lutar na defesa e promoção dos direitos, construindo a sociedade do bem viver.