No dia da independência, Zelaya se coloca como líder da oposição em Honduras
- Detalhes
- 17/09/2011
“Qual independência?”, questionaram milhares de pessoas que participaram do desfile, paralelo ao oficial, de celebração do 15 de setembro, na capital Tegucigalpa. Nesta data, todas as nações centro-americanas, exceto Panamá e Belize, declararam sua independência da Espanha, em 1821.
Apesar do feito, Honduras sempre foi uma nação sob intervenção de países centrais, principalmente dos Estados Unidos. Nos anos 80, enquanto os vizinhos Nicarágua e El Salvador travavam lutas revolucionárias de libertação, Honduras servia de base para treinamento dos soldados da “contra”, forças financiadas pelos EUA que pretendiam acabar com a revolução sandinista. O governo estadunidense também foi acusado de participar do golpe de Estado civil-militar que depôs o então presidente Manuel Zelaya, em 2009.
Enquanto na comemoração oficial, o atual presidente, Porfírio Lobo Sosa, afirmava que “o país está em festa”, a marcha organizada pela FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular) estava de luto: era a primeira manifestação pública sem a presença do simbólico agitador popular Emmo Sadloo, assassinado por pistoleiros no último dia 7 de setembro.
Desde o retorno de Zelaya, Honduras não via uma mobilização tão massiva no país. “Tenho um recado a dar nesse 15 de setembro”, avisou o ex-presidente, em frente a uma multidão que se aglutinava na praça central de Tegucigalpa, “Oligarcas, vocês não podem matar a todos nós, vejam, somos muitos”, afirmou referindo-se aos assassinatos ocorridos na semana passada – o de Emoo e o de Medardo Flores, 15° jornalista morto nos últimos 18 meses em Honduras.
“A oligarquia sanguinária nos persegue e querem nos matar, mas o povo a derrotará nas próximas eleições (em 2013). Vamos lutar pela verdadeira independência de Honduras”, afirmou Zelaya.
Em julho, a resistência criou um partido político que permitirá sua participação no próximo processo eleitoral, em 2013. A FARP (Frente Ampla de Resistência Popular), vai recolher assinaturas nas próximas semanas para sua inscrição no Tribunal Superior Eleitoral.
Sílvia Alvarez, de Tegucigalpa, Brasil de Fato.