Correio da Cidadania

Pressão indígena acelera demarcação de terra e freia instalação de usina

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A Fundação Nacional do Índio (Funai) decidiu acelerar o processo de demarcação da terra indígena Kayabi, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso. O resultado é aguardado há mais de 20 anos. Cansados de esperar, na última semana, integrantes da aldeia Kururuzinho impediram quatro funcionários da Funai e outras três pessoas de deixarem o local.

 

Os indígenas afirmam que nenhum abuso foi cometido durante os cinco dias de negociação. Segundo Iracildo Wuaru Munduruku, a ação foi a única maneira de pressionar o governo federal. Para ele, a população local foi esquecida e a prioridade tem sido a construção da Usina São Manoel, no rio Teles Pires, que irá afetar as etnias Kayabi e Munduruku.

 

“O governo deixou de atender o nosso pedido de demarcação de terra para construir a barragem. Nós indígenas sabemos que é difícil a gente conseguir paralisar o programa do governo, mas ele também tem que entender o nosso lado.”

 

O projeto da usina prevê o alagamento de uma área de 6,6 mil hectares. Iracildo acredita que mesmo com a demarcação das terras, as condições de existência estarão ameaçadas.

 

“Os impactos que vão acontecer são graves, como a diminuição dos peixes. Os nossos avós e antepassados contam que lá onde está prevista a construção da barragem era o lugar dos peixes se reproduzirem.”

 

Na última segunda-feira (24), uma decisão judicial obrigou o Ibama e a Empresa de Pesquisa Energética a adiar por 90 dias as audiências públicas da hidrelétrica. Além disso, terão que providenciar a tradução dos estudos de impacto ambiental para as línguas indígenas dos povos afetados pela obra.

 

Por Jorge Américo, da Radioagência NP.

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