Correio da Cidadania

Interesses próprios e “dívidas eleitorais” marcam aprovação do Código Florestal

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Na avaliação de movimentos sociais contrários às alterações na legislação ambiental, não houve novidades no texto do Código Florestal, aprovado nesta terça-feira (6) no Senado. Para eles, os pontos de maior disputa foram mantidos, como a redução da área protegida nas margens de rios, a anistia a proprietários que desmataram até 2008 e poderão converter suas multas em reflorestamento e a autorização para cultivos em Áreas de Preservação Permanente (APPs).

 

O que mais chama a atenção é a anistia. Isso porque um cruzamento de dados do Ibama com a prestação de contas dos partidos políticos revelou o comprometimento de pelo menos 50 parlamentares. Eles teriam recebido de empresas que cometeram crimes ambientais cerca de R$ 15 milhões para financiar campanhas nas eleições de 2010.

 

Para Luiz Zarref, integrante da Via Campesina Brasil, a conta pode ser bem maior. “Na realidade este número está subestimado. A Vale, por exemplo, é a empresa que mais tem multas ambientais. E são multas relacionadas ao Código florestal referentes às APPs e reserva legal”.

 

As empresas identificadas foram autuadas, sobretudo pela destruição de vegetação nativa e APPs. Segundo Zarref, os interesses particulares de muitos parlamentares ficaram evidentes.

“Quinze deputados e três senadores tinham multas. Então, há um interesse próprio. Além disso, entra essa coisa do financiamento de campanhas. Os parlamentares respondem a quem paga as campanhas deles, além do interesse de classe dos ruralistas de demarcar essa posição perante a sociedade.”

 

O texto segue agora para a Câmara. Os deputados podem fazer alterações ou rejeitar completamente o texto do Senado e retomar o projeto original aprovado na Casa.

 

Por Jorge Américo, da Radioagência NP.

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