Moçambique: comunidades reassentadas pela Vale impedem a saída de comboio da empresa
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- 12/01/2012
Mais de 700 famílias reassentadas pela Vale Moçambique no bairro de Cateme, Distrito de Moatize, estão em protesto desde a madrugada do dia 10 de janeiro de 2012. As famílias reivindicam contra as precárias condições de vida a que estão sujeitas desde finais de 2009. As dificuldades de acesso à água, terra e energia, as terras impróprias para a agricultura, o descumprimento de promessas de indenização, a infiltração da água das chuvas nas casas construídas pela Vale, constituem alguns pontos de demandas dos manifestantes.
“Conforme as promessas da empresa Vale, muitos dos pontos não se cumpriram desde 2009, altura em que fomos reassentados”, disse um popular reassentado, falando a partir da Vila Sede de Moatize. De acordo com fontes contatadas telefonicamente pela Justiça Ambiental a partir de Cateme, na tarde do mesmo dia, as manifestações das comunidades reassentadas de Cateme expressam o contínuo ambiente de tensão social e descontentamento generalizado da população, que vive naquele bairro há seis meses, além da incapacidade do governo em resolver as suas preocupações.
Na primeira quinzena de dezembro de 2011, a população agora revoltada enviou um documento de queixa ao governo do distrito de Moatize, ao Comitê Distrital do partido Frelimo e à Vale Moçambique, solicitando a rápida intervenção das autoridades competentes na solução dos problemas enfrentados pelas comunidades reassentadas. “Em dezembro, enviamos uma carta às< autoridades de Moatize avisando de que a população iria se manifestar caso medidas urgentes não fossem tomadas até ao dia 10 de janeiro corrente”, disse um reassentado.
No documento de dezembro, a população de Cateme prometia incendiar o comboio de carga e transporte de carvão da Vale caso o governo não agisse para parar com as irregularidades da empresa. A verdade é que esta manhã o comboio teve que recuar e já não fez o trajeto que devia ter feito devido às manifestações junto da linha férrea.
Até o momento, as autoridades governamentais ainda não se pronunciaram oficialmente. Num contato telefônico a meio desta tarde, um comandante distrital de Moatize, falando a partir de Cateme, confirmou a realização de manifestações e declinou-se a prestar mais detalhes sobre o assunto. Na ocasião disse apenas que “há uma grande agitação e estamos a trabalhar. No momento oportuno iremos convocar a imprensa para mais esclarecimentos”.
Fonte: Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais-ADECRU