Egito bombardeia Sinai e piora cerco à Faixa de Gaza
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- 09/08/2012
Incursão militar é decorrente de atentados contra postos fronteiriços no norte do Sinai.
As Forças Armadas do Egito bombardearam e entraram em combates terrestres no norte da Península do Sinai nesta quarta-feira (08/08) em decorrência de ataques nos postos da fronteira do país, informou a rede estatal Al Ahram. A crescente militarização na região prejudica os esforços do recém-eleito presidente egípcio de amenizar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Os atentados nas fronteiras entre Egito, Israel e Faixa de Gaza tiveram início no domingo, quando homens armados mataram 16 guardas egípcios e sequestraram veículos para entrar à força em território israelense. Na madrugada desta quarta-feira (08/08), outros três postos, próximos à cidade de Arish, foram atacados por militantes. De acordo com o Al Ahram, este foi o 29º ataque no posto do al Risa desde 2011.
O governo egípcio havia anunciado na segunda-feira (06/08) plano para aumentar a segurança no Sinai, mas deixou de mencionar a possibilidade de um ataque militar a região. Os aviões militares soltaram os mísseis apenas três horas depois do último atentado na fronteira. Testemunhas, citadas pela rede Al Jazeera, disseram que escutaram sons de explosão e avistaram jatos no céu.
“Conseguimos entrar com sucesso na vila Al Toumah, onde matamos 20 terroristas e destruímos três carros blindados dos terroristas”, disse um comandante à agência de notícias Reuters. “As operações ainda estão acontecendo”, acrescentou.
Os ataques devem ter sido coordenados com autoridades israelenses, como estabelece o acordo de paz entre os dois países, lembrou o jornal Haaretz. Ehud Barack, ministro da Defesa israelense, pediu para o governo egípcio reforçar suas ações para prevenir o terrorismo na região. “Nós esperamos que o atentado seja um alerta ao governo egípcio para adotar uma política com mais força”, disse ele nesta segunda-feira (06/08) de acordo com o jornal The Guardian.
Nesta quarta-feira (08/08), o presidente do Egito demitiu o chefe da inteligência do país, Murad Muwafi, e o governador do norte do Sinai, Abdel Wahab Mabruk. Horas antes da decisão, Muwafi declarou publicamente que sua agência havia recebido advertências vagas sobre o ataque de domingo, o que repassou para outras autoridades.
Fim da revolução egípcia
Diversos veículos de comunicação citaram fontes anônimas que atribuem os atentados a grupos rebeldes da Faixa de Gaza e do Sinai. A Irmandade Muçulmana, no entanto, declarou que a Mossad, o serviço secreto israelense pode estar por trás dos atentados em uma tentativa de assegurar seus interesses na região.
“Forças dentro e fora do Egito estão se esforçando para abortar a revolução do povo egípcio por ameaçar seus interesses”, disse a organização em uma declaração na segunda-feira (06/08). Com os atentados, os esforços de Mohammed Mursi, recém-eleito presidente, para abrir as fronteiras do Sinai com a Faixa de Gaza ficam extremamente prejudicados e os tempos de Hosni Mubarak na região podem retornar.
O ditador egípcio era um importante aliado regional de Israel e por isso manteve o bloqueio israelense imposto à Faixa de Gaza, como também as exigências do vizinho acerca da segurança no Sinai. “Israel é responsável, de uma forma ou de outra, pelo ataque que teve como finalidade atrapalhar a liderança egípcia e criar novos problemas na fronteira para minar os esforços em curso, para acabar com o cerco de Israel à Faixa de Gaza”, disse Ismail Henya, líder do Hamas, de acordo com o Al Ahram.
Desde a guerra contra Israel em 1973, o governo egípcio não bombardeava a Península do Sinai.
Por Marina Mattar, Opera Mundi.