Correio da Cidadania

Integrantes da banda Pussy Riot são condenadas a dois anos de prisão

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Justiça russa determinou condenação por ódio religioso e vandalismo


As três integrantes da banda punk Pussy Riot foram condenadas nesta sexta-feira (17/08) a dois anos de prisão em uma colônia penal por um tribunal de primeira instância em Moscou pelo crime de "vandalismo motivado por ódio religioso". "Considerando a natureza e o grau do perigo representado por aquilo que foi feito, as rés só podem ser corrigidas por meio de uma punição real", anunciou a juíza responsável por caso, Marina Syrova.

 

Em fevereiro desse ano, Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich organizaram um protesto contra o presidente russo, Vladimir Putin, na maior igreja ortodoxa do país, a Catedral de Cristo Salvador, na capital Moscou. Vestindo gorros coloridos que encobriam o rosto, as Pussy Riot cantaram “Virgem Maria, expulse Putin” para criticar o apoio do patriarca (cargo mais alto na hierarquia da religião cristã-ortodoxa, a mais seguida na Rússia) na última eleição presidencial.

 

Durante a leitura de três horas da sentença, Syrova descartou as alegações da defesa de que a performance da banda era um protesto político, sustentando que desrespeitaram a "ordem pública" e os fiéis ortodoxos. A juíza seguiu a versão da promotoria: “elas debocharam e humilharam as pessoas na Igreja”, disse o promotor Alexei Nikiforov na semana passada. “Usar palavrões numa igreja é um abuso contra Deus”, completou ele.

 

Apesar de pedirem desculpas aos cristãos que se sentiram ofendidos com a performance, as acusadas se recusaram a admitir sua culpa por considerarem que o protesto não configura um crime segundo as leis da Rússia.

As artistas mantiveram sua posição mesmo com a possibilidade de firmar uma negociação com o promotor e diminuir sua pena. “Nós nos recusamos a assumir culpa”, disse Nadezhda.

 

“O tema principal da nossa apresentação não é a Igreja Ortodoxa, mas sim a ilegitimidade das eleições”, afirmou Yekaterina segundo o diário britânico The Daily Mail. "As chamadas (pelo Patriarca) para votar em Putin e para não ir aos comícios de protesto são claras violações dos princípios de um Estado laico”, continuou ela.

 

Após o anúncio da sentença, uma voz indignada irrompeu no tribunal: "vergonha!". Apesar de já esperada, a decisão de Syrova fez com que centenas de pessoas se reunissem em frente ao edifício da Justiça, em Moscou, onde as ativistas foram julgadas.

Cercados por uma extensa tropa policial, os manifestantes gritam "Liberdade para as Pussy Riot" e "Fora Putin", conforme relatos do jornal britânico The Guardian. O campeão de xadrez, Garry Kasparov, e o líder oposicionista de esquerda, Sergei Udalstov, foram presos durante o protesto desta sexta (17/08).

 

"Seja qual for o desejo de Putin, ele consegue. Isso é a única coisa a ser dita", resumiu o marido de Tolokonnikova na saída do tribunal. Para os ativistas críticos a Putin tanto na Rússia quanto no exterior, o julgamento das Pussy Riot foi mais um sinal de que o governo russo não tolera críticas nem dissidências. “Estamos pedindo às autoridades russas para tirar suas queixas de vandalismo e soltar imediatamente Maria, Ekaterina e Nadezhda”, disse Kate Allen, diretor da Anistia Internacional do Reino Unido.

 

Protestos pedindo a liberdade das integrantes da banda percorreram cidades de todo o mundo nesta semana, chegando a mobilizar até mesmo artistas que se apresentaram no país. Sting, Red Hot Chili Peppers e Madonna pediram em suas apresentações pela libertação das integrantes da banda punk.

 

“Nos tempos soviéticos ou nos tempo de Stálin, os julgamentos eram mais honestos do que esse”, afirmou o advogado de defesa Nikolai Polozov perante o tribunal. Os advogados da banda acusaram a justiça de agir com parcialidade favorável à acusação e que o processo não passa de uma repressão política do regime de Putin.

 

No início do julgamento, Yekaterina mostrou preocupação com o atual quadro político russo: “estou considerando isso como o início de uma campanha autoritária e repressiva do governo que procura dificultar a atividade política e criar um sentimento de medo entre os ativistas políticos”.

 

Já em carta enviada nesta quinta-feira (17/08) ao público, Tolokonnikova afirmou que os críticos ao regime "Putinista" venceram, independentemente do veredito final. “Algo inacreditável está acontecendo na cena política da Rússia: uma pressão poderosa, insistente e exigente da sociedade frente às autoridades”, escreveu ela.

 

Por Marina Mattar, Opera Mundi.

 

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