Correio da Cidadania

Violência contra Sem Terra no Maranhão pressiona Estado a regular terras

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Depois que pistoleiros quase tiraram a vida de um trabalhador rural do Acampamento Roseli Nunes em um ataque no sábado passado (27), agentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) prometeram agilizar o processo de regularização da Fazenda Cipó Cortado para o assentamento dos acampados.

 

Os funcionários do Incra visitaram o acampamento Roseli Nunes, onde os trabalhadores estão há seis anos acampados. Na audiência com os acampados os agentes do Incra prometeram que até o próximo dia 3 de novembro todas as informações necessárias para buscar a regularização das terras reivindicadas seriam concluídas.

 

O MST reivindica quatro áreas que compõem as Glebas Sítio Novo e Boca da Mata Berreirão, onde cerca de 16 mil hectares assentariam 500 famílias de trabalhadores rurais. A Coordenação do Movimento denuncia que, depois de iniciado os levantamentos para regularização, os fazendeiros que se dizem donos das terras fragmentaram estas e distribuíram entre quatros parentes, a fim de dificultar a regularização para os camponeses.

 

Apoio

 

Representantes de entidades de direitos humanos visitaram nesta segunda-feira (29) acampamento. Os agentes de Direitos Humanos reforçaram a solidariedade para com os acampados e firmaram compromisso na luta pela terra na região.

 

Entre as entidades presentes estava o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán de Açailândia, o Centro de Defesa Padre Josímo de Imperatriz e da organização espanhola ADEPAL (Asociación Derechos Paz y Libertad). Ainda está previsto para os próximos dias as visitas de representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos e do Deputado estadual Bira do Pindaré (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Acampados

 

Em 2006, o MST ocupou a fazenda Cipó Cortados, exigindo a desapropriação da gleba, e logo depois mais dois acampamentos se formaram, sendo agora dois do MST e um do Sindicato de Trabalhadores Rurais de João Lisboa. Já há um acordo entre os movimentos na perspectiva de onde cada acampamento ficará após a regularização das terras.

 

Sobre o ataque sofrido pelos acampados no último sábado, a coordenação do MST manifesta que não houve conflito e sim um ataque de pistoleiros contra os sem terra. Informa ainda que o trabalhador que ficou em situação mais grave já foi liberado pelo Hospital Municipal de Imperatriz, porém a bala alojada nas suas costas ainda não foi retirada.

 

Inquérito

 

No domingo, 28/10 os trabalhadores registraram ocorrência na delegacia da Polícia Militar de Senador La Rocque. O sargento Dantas, responsável pelas buscas na sede da fazenda, informou que foram apreendidas muitas munições de rifles e pistola, além de uma espingarda calibre 12 com o cano estourado, possivelmente uma das utilizadas no ataque.

 

Ele ressalta que quando uma espingarda estoura nas condições em que esta foi encontrada é porque a carga de munição foi além do suportado pela arma. “A intenção dos pistoleiros era mesmo acabar com os trabalhadores”, reflete o sargento.

 

Após o ataque sofrido, os trabalhadores do acampamento Roseli Nunes receberam apoio de outros acampados da região e ocuparam a sede da fazenda, de onde não devem mais sair.

 

Por Reynaldo Costa, MST.

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