Presidente da CBF será “escrachado” por ligações com o regime militar
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- 10/11/2012
Durante a ditadura, o atual presidente da CBF era deputado e teria responsabilidade na morte do jornalista Vladimir Herzog.
Está programado para o próximo domingo, 11, o “escracho” do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin. O ato é motivado pelas ligações de Marin com a ditadura militar e sua suposta responsabilidade na morte do jornalista Vladimir Herzog.
O “escracho”, organizado pelo grupo Articulação Estadual pela Memória, Verdade e Justiça de São Paulo, acontecerá no vão livre do Masp, na Av. Paulista, às 14h.
Em 1975, durante a ditadura militar, Marin era deputado estadual pelo partido que dava sustentação política ao regime, a Arena. O atual presidente da CBF fez um discurso com duras críticas à TV Cultura, que não cobriu um evento de governo, e exigiu que providências fossem tomadas quanto ao tipo de jornalismo praticado pela emissora para que a “tranquilidade” no estado fosse retomada. Dezesseis dias depois do discurso de Marin, o então diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, foi preso e assassinado no DOI-Codi (Centro de Operações de Defesa Interna).
O assassinato de Herzog foi um marco na luta contra o regime militar no Brasil. A ditadura divulgou a versão de que o jornalista e militante do PCB teria cometido suicídio.
“Não admitimos que, até hoje, as circunstâncias que levaram à morte de Vladimir Herzog não tenham sido completamente esclarecidas e seus responsáveis não tenham sido punidos! Não consentiremos que homens dessa estirpe continuem a gozar de tal influência no governo e na sociedade!”, diz o texto de apresentação do ato.
O texto também cita elogios feitos por Marin, em discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo, ao chefe do DOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), Sérgio Paranhos Fleury.
Marin foi vice-governador na gestão de Paulo Maluf, então da Arena, e chegou a governar o estado de São Paulo entre 1982 e 1983. Com o fim da ditadura militar, Marin se candidatou a prefeito da capital paulista e a senador, mas foi derrotado nas duas eleições. Então, voltou-se para o mundo dos dirigentes esportivos e chegou à vice-presidência da CBF. Em março deste ano, após Ricardo Teixeira renunciar ao cargo, Marin assumiu a presidência da entidade que organiza e dita os rumos do futebol brasileiro.
Por SpressoSP, com informações da Rede Brasil Atual.