Chega de mortes e desaparecimentos! Pela desmilitarização da polícia!
- Detalhes
- 06/11/2013
Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei
porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
mas a mim não me afetou
porque não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas eu não me incomodei
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
de alguns padres, mas como
não sou religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
e quando percebi,
já era tarde.
(BRECHT, Bertold)
A criminalização da pobreza e dos movimentos sociais volta a ser pauta do noticiário burguês e da direita paulistana. A morte dos adolescentes Douglas Rodrigues e Jean Silva Nascimento na semana derradeira de outubro reabre um processo bem conhecido pela população paulistana: o de extermínio da juventude negra, pobre e periférica. Histórias que vimos acontecer em maio de 2006, em 2012 quando se instaurou uma crise na Secretaria de Segurança Pública do Estado e na chacina do Jardim Rosana.
As indicações por parte do governo tucano já vinham sendo dadas há algumas semanas, através da retirada da proibição de utilizar balas de borracha na contenção dos protestos em São Paulo, editoriais do Estadão e Folha pedindo a punição devida a “vândalos”, as repressões violentas aos atos nas últimas semanas são demonstrações claras do recrudescimento do governo tucano frente às periferias paulistas e aos movimentos sociais.
Para além do processo protagonizado por Alckmin e Grella, também temos visto que a política de gentrificação e higienização se alastra por todo o país. O desaparecimento de Amarildo no Rio de Janeiro, a morte de Ricardo na baixada santista, a utilização da Força Nacional durante o leilão de Libra e as manifestações em cidades-sede da Copa das Confederações em junho apontavam para esse processo de recrudescimento da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.
As imagens veiculadas nesta terça-feira no Jornal do SBT mostram bem a nova guerra que começa a se instalar em São Paulo e a justificativa para recrudescer esta guerra contra os socialmente marginalizados é a de coibir “vândalos” nas manifestações que vêm ocorrendo pelo país.
Para tanto, o governo Dilma, na figura do ministro José Eduardo Cardozo, se reuniu com os secretários de segurança de São Paulo e Rio de Janeiro para articular ações comuns de repressão durante as manifestações. Para além, o ministro da Justiça também declarou que é necessário procurar a melhor forma de punir as pessoas que transgridem as leis. Bom lembrar que nas últimas manifestações do Rio de Janeiro várias pessoas foram enquadradas na Lei de Segurança Nacional, que está em vigor desde a Ditadura Civil-Militar.
O que vemos ser retomado em São Paulo, mas também no país, é a manutenção de uma política de segurança pública que visa exterminar a classe trabalhadora, se munindo da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais. Maior exemplo foi a concessão da Salva de Prata à Rota pela Câmara de Vereadores de São Paulo.
Além disso, o convênio da Operação Delegada entre o governo Alckmin e a prefeitura de São Paulo, iniciado na gestão Kassab e perpetuado agora na gestão Haddad, ajuda a manter o processo de extermínio da população pobre e negra da nossa cidade, e já tem sido implementado no interior do estado, substituindo nos finais de semana as Guardas Municipais por PMs.
Não queremos mais uma edição dos Crimes de Maio, das execuções de 2012, dos desaparecimentos que ocorrem por todo o país e não são esclarecidos pelos governos estaduais e federal. Queremos uma segurança pública desmilitarizada, fim do processo de higienização social e de repressão!
O Comitê pela Desmilitarização da Política e da Polícia acredita que neste momento é fundamental que ninguém se omita, pois o aprofundamento da aplicação da política do terror se mostra evidente dia após dia, seja em São Paulo, seja no resto do país. É importante que não deixemos essa política de repressão e do medo avançar, é preciso denunciar os abusos policiais nas periferias, os assassinatos e desaparecimentos para que realmente jamais se repitam as atrocidades que temos visto nos últimos anos e, principalmente, no último período!
Convidamos a todos para estarem na quinta-feira, 07/11, às 17h na Praça Roosevelt para podermos dizer aos nossos governantes que não aceitaremos mais violência policial e mais mortes em nosso país!
Pela desmilitarização da política e da polícia!
Contra o genocídio de negrxs, indígenas e de toda classe trabalhadora!
Assinam:
Comitê pela Desmilitarização da Política e da Policia
Movimento Luta Popular
PSTU
Tribunal Popular
PSOL
Amparar
Cordão da Mentira
Juntos
PCB
Bia Abramides – professora da PUCSP e diretora da Apropuc
Movimento Terra livre
Insurgência
Circulo Palmarino
ECLA – Espaço Cultural Latino Americano
Kiwi Companhia de Teatro
Observatório das Violências Policiais
Coletivo Merlino
Coletivo Ecossocialista Libertário (Ecossol)
Movimento Nacional da População de Rua
Espaço Autônomo Casa Mafalda
Grupo Construção Coletiva da PUC
Deputado Federal pelo PSOL Ivan Valente
MNU- Movimento Negro Unificado
Movimento Primavera
Anastácia Livre
Aby Ala
Bloco do Beco
Cia. Estavel de teatro
NEP – Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru
Revista Fórum
MIR- Movimento Indígena Revolucionário
Associação de Geógrafos Brasileiros – Seção Local São Paulo