MAB bloqueia BR 364 por direitos negados em RO
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- 18/03/2014
Manifestantes exigem pagamento de dívida histórica para mais de mil famílias.
Nesta manhã do dia 17 de março de 2014, cerca de 300 atingidos pela Usina Hidrelétrica de Samuel, organizados no MAB, bloquearam a BR 364 a partir das 6 horas, a fim de encaminhar uma negociação com o governador do estado de Rondônia, Confúcio Moura, o INCRA, a Eletronorte e o governo federal.
Os atingidos da Usina Hidrelétrica de Samuel foram expulsos da beira do Rio Jamari há 30 anos. As famílias foram para áreas que hoje formam dois municípios e um distrito, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste e Triunfo, respectivamente. Há uma enorme dívida social com os atingidos: mais de mil famílias ainda permanecem sem terra; há falta ou baixa qualidade de energia elétrica; problemas de saneamento com a elevação do lençol freático; falta de infraestrutura para a produção camponesa, além da falta de acesso a direitos básicos como saúde e educação.
A Usina de Samuel foi construída no período da ditadura militar, onde a população atingida foi expulsa sem receber seus direitos. Desde então, as famílias seguem a luta para recuperar os direitos negados. A população denuncia ainda que a ditadura nas barragens segue.
A luta dos atingidos pela barragem de Samuel faz parte da Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens e é solidária aos atingidos pelas Usinas de Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, onde só em Porto Velho há mais de 12.000 pessoas desabrigadas e mais de 100.000 sem acesso à água potável.
Em março de 2011, após uma manifestação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Itapuã do Oeste, o governo do estado se comprometeu em criar uma mesa de diálogo com o movimento. Afirmou ainda que esta seria um canal aberto de contato com o movimento, assegurando que resolveriam as pendências do estado articulando o que fosse necessário para ser tratado com o governo federal. Passaram-se três anos e não existiram avanços na pauta dos atingidos. O secretário-chefe de gabinete do governo do estado de Rondônia, Waldemar Albuquerque, comprometeu-se em agendar uma reunião nos próximos dias.
Os governos estadual e federal, ao insistirem em negar a responsabilidade nas usinas de Samuel e Rio Madeira, mais uma vez violam os direitos das populações atingidas pelas barragens. Enquanto as empresas de energia possuem lucros extraordinários com a venda da energia elétrica, a população esta pagando a conta injustamente.
Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens.