Correio da Cidadania

Comunidade universitária marcha contra Alckmin

0
0
0
s2sdefault

 

O ato, com cerca de 2 mil pessoas, reuniu servidores, alunos e professores da USP, Unicamp e Unesp que reivindicam reajuste salarial, cortado este ano por conta da crise orçamentária; reitoria da Universidade de São Paulo planeja executar programa de demissão voluntária.

Em greve desde o dia 26 de maio, funcionários, docentes e alunos das três universidades estaduais de São Paulo (USP, Unicamp e Unesp) realizaram nesta quinta-feira (14), na capital, um ato exigindo a negociação do Estado com os grevistas.

 

De acordo com o Fórum das 6, entidade que representa os sindicatos de professores e de funcionários das três universidades, cerca de 2 mil pessoas participaram da manifestação, que saiu da Cidade Universitária, na zona oeste, e seguiu até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, no Morumbi.

 

Carregando faixas e cartazes, os manifestantes acusam o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o reitor da USP, Marco Antonio Zago, de sucateamento da universidade. “Zago, diálogo não se faz com polícia”; “Alckmin, não faça com as estaduais o que você fez com a água” e “Alckmin, negocie com a educação pública paulista já” eram os dizeres de alguns deles.

 

A paralisação, que já dura mais três meses, foi motivada pelo congelamento dos salários de professores e funcionários, que deveria passar por reajuste. A justificativa para o congelamento é a crise orçamentária nas universidades, que foi revelada principalmente depois da saída do ex-reitor João Grandino Rodas, da USP, conhecido por seus gastos exorbitantes.

 

Na semana passada, funcionários da USP chegaram a ter os salários cortados e, de acordo com matéria publicada nesta quinta-feira (14) pelo jornal Folha de S. Paulo, a reitoria da universidade paulista pretende executar um programa de demissão voluntária que deve atingir 3 mil funcionários, além do desmembramento dos hospitais, a cobrança de mensalidade e a diminuição da carga horária dos funcionários com equivalente redução salarial.

 

“Isso é o sucateamento da universidade. É destruir para depois privatizar a USP”, afirmou, ao portal Exame, Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (SINTUSP ).

 

A Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo), por sua vez, divulgou nota oficial em repúdio ao planejamento da reitoria. Confira abaixo:

 

Nota da Adusp sobre eventual desmanche da USP pela Reitoria

 

A Diretoria da Adusp manifesta sua perplexidade e profunda preocupação com a notícia veiculada em 14/8 pelo jornal Folha de S. Paulo, segundo a qual a Reitoria da USP tem planos de “adotar programa de demissão voluntária que abranja 3.000 funcionários”, bem como “incentivar que professores diminuam as jornadas de trabalho e, com isso, reduzam seus salários”, e ainda que o Hospital Universitário (HU, em São Paulo) e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC, em Bauru) “passem para a administração da Secretaria Estadual da Saúde”.


Caso confirmadas, tais medidas, desatinadas e brutais, encaminhadas à revelia de qualquer discussão prévia com a comunidade universitária, representarão novas e insuportáveis violências contra a USP, perpetradas pela atual gestão, e colocarão em risco a instituição tal como a conhecemos hoje. Seria nada mais nada menos que o início do desmanche da USP.


Nos últimos dias, outras notícias de enorme gravidade apontavam para a mesma direção. Em 8/8, o Jornal da Cidade, de Bauru, informava: “A Universidade de São Paulo (USP) doou o novo prédio do Centrinho [HRAC] para o governo estadual… A notícia foi dada ontem pelo deputado Pedro Tobias (PSDB), que há tempos discute com a USP e o governo o uso daquele hospital”. Ao mesmo tempo, a Reitoria trata em absoluto sigilo a intolerável ameaça do governo estadual de desapropriação da Fazenda Experimental da Esalq em Itatinga, denunciada por blog do jornal O Estado de S. Paulo em 7/8.


Urge que a Reitoria venha a público explicar-se sobre todas essas questões, e, se for o caso, desmentir as informações publicadas pela Folha de S. Paulo. Na hipótese de que sejam procedentes, porém, fique claro desde já que se trata de uma transgressão da maior gravidade, contra a qual lutaremos com determinação.

 

São Paulo, 14/8/14
Diretoria da Adusp

Por Ivan Longo, SpressoSP.

0
0
0
s2sdefault