Correio da Cidadania

Aniversário de genocida

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Bolsonaro celebra aniversário com aglomeração e ataque a governadores |  Congresso em Foco
Tento distanciar-me de vídeos, que não faltam, de Bolsonaro falando barbaridades. Eles me dão uma sensação terrível de impotência, aniquilamento e nojo. No entanto, ao abrir o YouTube no domingo passado, na TV, havia de cara um vídeo de Bolsonaro e a festa de seu 66º aniversário. A imagem estampa um gradil frente à residência oficial do Presidente da República, uma linha de pessoas de verde amarelo e o “mito”. Imagem, no mínimo insana, diante do momento que estamos vivendo diante da Covid-19 que segue desgovernada no Brasil.

Por pura curiosidade cliquei para assistir ao vídeo e fiquei catatônica com aquela imbecilidade protagonizada por algumas dezenas de almas perdidas, agarradas a uma grade, cantando incontáveis “parabéns a você”. Uma mesinha do outro lado da grade ostentava um bolo colorido com muito azul e pouco verde e amarelo. Bolsonaro se aproxima, engordado por um colete salva-vidas ou, talvez, uma bolsa de colostomia sob a camisa justa, acenando ao lado da sua dama saltitante.

Bolsonaro, qual um caudilho típico de uma república das bananas, parecia que estava diante de uma multidão ensandecida e não de poucas dezenas do seu gado fascista. Ouviam-se gritos de “feliz aniversário”, “mito”, “nossa bandeira jamais será vermelha”. A cena beirava ao apocalíptico, com outra dezena de seguranças escorando a grade para que a pequena turba ensandecida não se lançasse sobre o aniversariante. Microfones sem logo e câmeras amadoras captavam esse nonsense.

Enquanto essa cena dantesca acontecia em Brasília, milhares de brasileiros morriam vitimados pela falta de vacina, de leitos de UTI, de oxigênio. Milhares de brasileiros assassinados por dia.

Telma Monteiro

Ativista sócio-ambiental, pesquisadora e educadora

Telma Monteiro
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