Correio da Cidadania

Lula: “pavimentar o caminho para o Caribe”

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Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República

Lula se reuniu com os líderes do Caribe para tratar, entre outras coisas, da abertura de corredores para integrar Guiana, Suriname e Venezuela. Será nossa saída para o Caribe (1), disse ele. A pergunta é: para quê? A desculpa, saída para o Caribe, perde qualquer relevância ao considerarmos os conflitos que serão gerados, por exemplo, com a política de anexação de parte da Guiana, Essequibo, pela Venezuela e, também, com a falsa eleição presidencial de Maduro com apenas ele como candidato. Mais uma saia justa para a diplomacia regional da América do Sul.

Ao dizer que quer “literalmente pavimentar o nosso caminho para o Caribe”, eu novamente formulo outra pergunta: para quê? A resposta de Lula é incoerente, pois querer “suprir as demandas de abastecimento e fortalecer a segurança alimentar da região”, me parece impossível, considerando as experiências recentes com a pesquisa da Fiocruz divulgada na semana passada, sobre os Yanomami vitimados pela fome, malária, pneumonia e, junto a isso tudo, a contaminação por mercúrio dos garimpos que tomaram conta do território.

Antes de “acessar” o Caribe para suprir seja lá o que for, Lula deveria dar exemplo ao mundo, erradicando os males que assolam o povo Yanomami e, parece, esquecidos pelos ministros do seu governo. Ao dizer que “o Brasil pode oferecer gêneros alimentícios a preços competitivos” ou “aumentar a produtividade agrícola local”, eu faço uma reflexão sobre a necessidade premente de resolver nossos problemas “locais” primeiro e impedir o genocídio indígena. Uma aliança global de combate à fome e à pobreza deve ser baseada na experiência brasileira para salvar a Amazônia e os seus povos originários.

O povo Yanomami está entregue a própria sorte e o presidente da República quer salvar o resto do mundo da fome. É uma incongruência monumental. Ele olha além da miséria que assola a terra Yanomami para ser líder de um movimento internacional. A reunião dos países do Caribe não tem um líder exitoso em suas políticas locais a seguir. Tem um pavão que não enxerga os males que matam sua própria gente.

Isso tudo não habilita Lula para tentar se impor como um grande líder que mudará a realidade dos outros países, pois precisa ter, antes, arrumado a própria casa. Ele quer lançar na reunião do G20, no Rio de Janeiro, a tal aliança global contra a fome e a pobreza que não conseguiu vencer, ainda, nesse terceiro mandato.

Quem acompanhou Lula nessa empreitada foi a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, os ministros Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos do Brasil) e Renan Filho (Transportes). “Vamos aproximar Boa Vista de Georgetown”, diz a ministra Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, em referência a capital da Guiana. Para isso, indica a necessidade de providenciar a pavimentação de 220 quilômetros de rodovia para impulsionar o comércio brasileiro com seus vizinhos.

Melhor encerrar por aqui, diante da pequenez do raciocínio do governo sobre o que o Brasil realmente precisa!

Nota:

1) https://www.gov.br/planejamento/pt-br/assuntos/noticias/2024/fevereiro/rota-de-integracao-com-a-guiana-suriname-e-venezuela-vai-pavimentar-caminho-para-o-caribe-diz-lula 

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Telma Monteiro

Ativista sócio-ambiental, pesquisadora e educadora

Telma Monteiro
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