Correio da Cidadania

Guerra da Ucrânia: poupar soldados diante da resistência

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Diferente das demais nações do continente europeu, como França e Grã-Bretanha, a Rússia mantém bastante ativa a política externa manu militari. Igual a ela, há apenas os Estados Unidos (EUA), também superpotência nuclear.

A coincidência entre eles não se refere à participação constante em conflitos nas últimas décadas, porém a insucessos outrossim, caso se confirme o malogro diante da Ucrânia depois de quase um ano de embates.

A presença militar na sociedade moscovita é tão significativa que até ao tempo dos primeiros passos do comunismo o profissional castrense seria registrado no comunicado de poder ao planeta, ao ser equiparado no tocante à importância sociopolítica ao operário e ao camponês, membros estes da maior camada da população naquela época.

A fim de lembrar a expressividade: com menos de um ano de revolução socialista, a Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado mencionava ser ‘(...) república dos sovietes de deputados operários, soldados e camponeses’ - https://www.marxists.org/portugues/lenin/1918/01/17.html.

Há poucos dias, o presidente Volodymyr Zelensky tem alertado os aliados ocidentais sobre a possibilidade de recrudescimento do confronto por Moscou. Em viagem a três capitais, Bruxelas, Paris e Londres, o dirigente kievita tem mencionado ser sua inimiga o país mais antieuropeu quando ao modo de portar-se, em função do comportamento hostil. Em decorrência disso, ocorreria a necessidade de Mariyinsky ingressar na União Europeia (UE) - https://www.europarl.europa.eu/news/en/press-room/20230208IPR72901/president-zelenskyy-says-russia-is-a-grave-threat-to-the-european-way-of-life.

Com o amplo apoio otaniano, materializado no fornecimento de armamentos sofisticados e no provimento de recursos financeiros, os ucranianos tem resistido às investidas russas, organizadas com forças armadas regulares e com mesnada.

Empregado como linha de frente da Rússia na invasão da Ucrânia, o Grupo Wagner desperta a atenção planetária pela proximidade de laços com a administração de Vladimir Putin, dado ser incomum em pleno 21 organização privada atuar como unidade auxiliar do Exército, a despeito da denominação – a de mercenários ou a de milicianos.

No caso de captura por contingentes kievitas ou de rendição a eles, os assoldadados particulares se transformariam em prisioneiros sem o devido acompanhamento diplomático, ainda que se apliquem a eles as regras das convenções de Genebra e de seus protocolos - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D42121.htm.

Na prática, é possível especular que em sendo feridos nas batalhas eles não desfrutariam do mesmo padrão de assistência médica destinada pelo Kremlin aos conscritos costumeiros. Ademais, o rendimento nas lutas tem sido avaliado como abaixo do esperado, de maneira que os custos de treinamento, malgrado mínimos, elevam-se à medida do aumento da reposição solicitada de efetivos para os campos de combates.

Com a progressiva redução das adversidades do inverno, os assaltos russos devem retornar com intensidade. Com isso, os efeitos colaterais também, ao atingir instalações civis como parques, hospitais, fábricas, escolas, fazendas etc.

Pelo sim, pelo não, a Rússia deve poupar mais nos próximos ataques seus alistados, dada a dificuldade de arregimentar soldados tanto nas tropas regulares como nas auxiliares, apesar das fartas promessas de redenção.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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